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Cabral quadruplica gastos com publicidade
No ano passado, governo do Rio de Janeiro gastou R$ 81 mi para divulgação; Orçamento previa despesas de R$ 20,1 mi
De acordo com o governo, peças publicitárias são de "interesse público'; em 2007, Rio excedeu São Paulo e Minas em gastos no setor
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O governador do Rio, Sérgio
Cabral (PMDB), gastou no ano
passado o quádruplo do previsto no Orçamento em "serviços
de comunicação e divulgação".
Com o plano de empregar R$
20,1 milhões no setor de comunicação e publicidade, o governo terminou 2007 com R$ 81,4
milhões liquidados. Em 2008,
ano eleitoral, a previsão inicial
orçamentária já pulou de R$
22,9 milhões para R$ 49,4 milhões.
Em 2007, o Rio de Janeiro
gastou mais em publicidade
que São Paulo (R$ 77 milhões,
segundo a assessoria de imprensa) e Minas Gerais (R$
80,7 milhões). Somadas todas
as despesas da Subsecretaria de
Comunicação com as de publicidade, o valor chega a R$ 86,6
milhões. Os dados são do Siafem (Sistema Integrado de Administração Financeira dos Estados e Municípios).
Mais gastos, porém, estão
previstos. Em 21 de julho, a
Subsecretaria de Comunicação
(subordinada à Casa Civil) concluiu nova licitação para contratar cinco agências de publicidade, no valor de R$ 100 milhões, com possibilidade de aditivar mais R$ 25 milhões.
O contrato será assinado no
início de setembro e valerá por
um ano. Esse montante, que
ainda não está empenhado e
não consta no Orçamento, pode representar sozinho um
acréscimo semelhante a toda a
programação inicial, de R$ 22,9
milhões.
Segundo o subsecretário de
Comunicação, Ricardo Cota, o
contrato estabelece um teto,
que não será necessariamente
gasto. Ele prevê despesas de R$
77 milhões para 2008 e disse
que não pretende usar os aditivos de R$ 25 milhões.
Para modificar o Orçamento,
Sérgio Cabral tem usado da
prerrogativa do governador de
remanejá-lo em até 20% do total, mediante autorização da
Assembléia Legislativa. Como
o Orçamento do Rio é de R$
39,8 bilhões (do total, cerca de
R$ 3 bilhões são relativos a investimentos), o chefe do Executivo pode recompor, em tese,
R$ 7,96 bilhões.
Quando faz isso, o gestor tira
os recursos de um campo ou
programa de trabalho específico e passa para outro. Assim,
uma outra área do governo perde dinheiro em benefício da publicidade institucional.
Para o deputado estadual
Luiz Paulo Corrêa da Rocha
(PSDB), cujo gabinete fez o levantamento a pedido da Folha,
o acréscimo nos gastos de publicidade em ano de eleições
"prejudica a imparcialidade do
processo eleitoral".
"Há clara vinculação entre o
governador e os diversos candidatos. Quando se põe publicidade do governo nos meios de
comunicação, os candidatos do
governo nos municípios ganham um empurrão forte. Os
recursos devem ser gastos em
campanhas públicas e não em
propaganda de programas como o PAC ou de que o Diário
Oficial está na internet", disse
o deputado, que é candidato a
vice-prefeito do Rio na chapa
de Fernando Gabeira (PV).
Com o crescimento de 305%
do montante previsto no ano
passado, e o aumento de 115%
neste ano, até 13 de agosto, o
Rio deve bater São Paulo e Minas Gerais, sem contar o novo
contrato.
A licitação concluída no fim
do mês passado vale por um
ano, a partir de setembro. Definiu as cinco agências que vão
administrar a conta do Estado,
a maior do Sudeste.
Duas das empresas escolhidas, Agência 3 Comunicação
Integrada Ltda. e Agnelo Pacheco Criação Com. e Prop.
Ltda., já prestavam serviço ao
governo do Estado durante a
gestão de Rosinha Matheus.
Além delas, vão assumir a
conta a PPR Profissionais de
Pub. Reunidos Ltda., a Artplan
Comunicação S/A e a 3P Comunicação Ltda.
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