São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

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CAMPANHA

Tucano diz que o petista, que ligou para o presidente pedindo explicação sobre a alta do dólar, quer "gerar notícia"

Serra critica ligação de José Dirceu a FHC

CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A ALFENAS

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, classificou de "publicitário" o telefonema que o presidente nacional do PT, deputado José Dirceu, fez ao presidente Fernando Henrique Cardoso no sábado.
Dirceu pediu explicações a Fernando Henrique sobre a recente instabilidade do mercado financeiro, que resultou, na semana passada, em alta expressiva do dólar e elevação do risco-país.
"É para chamar a atenção e para gerar notícia na imprensa", disse Serra ontem em Alfenas (MG), depois de participar de um encontro com empresários e lideranças locais e conhecer os produtos fabricados no município.
Serra evitou analisar a pesquisa Datafolha publicada ontem, a qual aponta que o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, subiu mais quatro pontos percentuais, e tem 44% das intenções de voto, enquanto o tucano oscilou dois pontos para baixo, passando para 19%. "No Ibope deu outro resultado e foi o Lula quem caiu", disse Serra. "As pesquisas vão indo com pequena variação, mas o importante é que mostram uma tendência para o segundo turno entre Lula e Serra."
Durante seu discurso às cerca de 500 pessoas que o aguardavam no hangar do aeroporto da cidade, Serra atacou o candidato do PT pela mudança de discurso, sem citar seu nome. "Eu tenho me apresentado com uma cara só e não existe Serra com duas caras."
Na propaganda no horário eleitoral, a campanha do tucano também tem explorado o que, para os marqueteiros do PSDB, são inconsistências no discurso de Lula.
"Tem de escolher uma pessoa que parece uma só e não que parece duas." Ele disse que "só faltam 15 dias para decidir a primeira etapa, mas estamos trabalhando como se já estivéssemos no segundo turno".
Sobre a criação de empregos, o candidato procurou demonstrar que ele seria o mais bem preparado para a tarefa. "Eu tenho experiência nesta área de emprego porque fui eu quem viabilizei o seguro-desemprego."
De acordo com a pesquisa Datafolha publicada ontem, 42% dos entrevistados disseram que o desemprego é o maior problema do país e percentual idêntico acredita que Lula é o presidenciável mais preparado para combatê-lo.
No final de seu discurso, o candidato disse que os votos chegam "por uma ventania" e pediu para que os presentes deixassem o local "soprando" para levar "nosso barco ao porto da vitória".
Em meio às bandeiras amarelas de Serra, dois jovens seguravam uma faixa onde estava escrito "fora Serra, agora é Lula".
Alguns seguranças chegaram a impedir a exibição do material, mas, depois, liberaram.
Logo que entrou no hangar do aeroporto, Serra foi surpreendido pela estudante Liene Silveira, 15 anos, que, chorando, lhe entregou uma carta na qual pede ajuda ao ex-ministro da Saúde para viabilizar uma cirurgia no quadril de sua mãe. A assessoria do candidato guardou a carta.

Argentina
Em Guaxupé (MG), onde passou antes de ir a Alfenas, Serra voltou a dizer que, se Lula for eleito, o Brasil poderá se transformar em uma Argentina.
"Vocês viram o que aconteceu na Argentina depois de uma campanha eleitoral em que se prometia o céu. Na Venezuela é a mesma coisa."


Colaborou a Folha Ribeirão, em Guaxupé (MG)


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