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INVESTIGAÇÃO
Márcio Fortes de Almeida agora está na pasta do Desenvolvimento
CGU recomenda apuração de ex-secretário da Agricultura
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A CGU (Controladoria Geral da
União) recomendou ao Ministério da Agricultura instaurar processo administrativo disciplinar
para apurar a responsabilidade
do ex-secretário executivo Márcio
Fortes de Almeida nas irregularidades em contrato firmado com a
empresa Poliedro Informática, no
final de 1999. Almeida é o atual secretário-executivo do Ministério
do Desenvolvimento, cujo titular
é Luiz Fernando Furlan. Sua responsabilidade havia sido excluída
em portaria do ministro Roberto
Rodrigues, da Agricultura.
Em fevereiro de 2003, sob o título "Governo Lula mantém suspeito de fraude", a Folha revelou que
Almeida havia sido acusado, em
sindicância interna, de ter direcionado o processo, permitindo a
duplicidade de contrato com a
Poliedro para "serviços desnecessários" na gestão de Marcus Vinicius Pratini de Moraes no Ministério da Agricultura, durante o
governo FHC (de setembro de
1999 a dezembro de 2002).
A Poliedro teria recebido indevidamente R$ 5,3 milhões. A empresa havia sido contratada a título de evitar problemas nos computadores com o chamado "Bug
do Milênio". Funcionários apontaram Almeida como "mentor intelectual" de todo o processo de
contratação. Foi aberto inquérito
para apurar as supostas fraudes,
acompanhado pelo procurador
da República Brasilino Pereira
dos Santos, do Distrito Federal.
Em dezembro de 2003, o ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura, além de abrandar a punição aplicada a outros servidores,
excluiu expressamente a responsabilidade do atual secretário de
Furlan. A CGU recomendou anular essa decisão de Rodrigues, que
"contrariou as provas dos autos".
"Pelo contexto probatório, verifica-se que existem indícios veementes da prática de atos irregulares por parte do então secretário-executivo, Márcio Fortes de
Almeida, quer na fase de contratação da empresa Poliedro, quer
na fase de execução de contrato",
diz o corregedor Moisés Antônio
de Freitas, em parecer aprovado
pelo ministro Waldir Pires, do
Controle e da Transparência.
Com base em parecer da consultoria jurídica do ministério,
Rodrigues entendeu que não havia nos autos documentos ou indícios de que Almeida tivesse dado ordem de execução de atos ilegais a subordinados.
"Os argumentos apresentados
pela consultoria jurídica para exculpar o então secretário-executivo, a meu sentir, improcedem",
contestou o corregedor Freitas.
"Se as irregularidades ocorreram
em decorrência de decisões ou ordens emanadas de sua pessoa, deve responder solidariamente com
os servidores subordinados que
executaram os atos", sustentou.
Para a CGU, o processo de sindicância para apurar a contratação da Poliedro não poderia ter sido arquivado por despacho de Almeida, "pelo fato de o próprio secretário-executivo ter aprovado o
projeto básico, autorizado a contratação da empresa e assinado o
contrato". Freitas também recomendou a anulação do despacho.
Almeida acumulou as funções
de diplomata com atividades privadas na Associação de Comércio
Exterior do Brasil, da qual foi secretário-executivo e vice-presidente. Pratini de Moraes foi presidente da associação, da qual Furlan é vice-presidente licenciado.
Almeida foi sócio de Pratini de
Moraes em trading privada.
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