São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Presidente do PSDB de SP diz que vai expulsar kassabistas

A pedido dos alckmistas, José Henrique Reis Lobo promete enquadrar dissidentes

Aos jornalistas, Alckmin disse que não iria responder à crítica de Clóvis Carvalho; "O PSDB vai responder a ele. Eu vou ignorar", declarou

CATIA SEABRA
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em mais uma escalada da disputa pela Prefeitura de São Paulo, o presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo, avisou ontem que entrará com pedido de expulsão dos kassabistas do partido. Após conversar com o ex-governador Geraldo Alckmin por telefone, Lobo antecipou, em nota, que acionará a Comissão de Ética para discutir o afastamento do secretário municipal Clóvis Carvalho (Governo).
Mas a lista será maior. A pedido dos alckmistas, Lobo encontrou em Carvalho o pretexto para enquadrar os kassabistas mais inflamados. Em entrevista à Folha, Carvalho chamou Alckmin de oportunista.
Muito irritado, segundo tucanos, Alckmin cobrou do partido a imposição de limites aos kassabistas. "O Dr. Clóvis Carvalho não tem condições de ditar regras ao PSDB, partido do qual se diz fundador, mas no qual nunca militou", disse Lobo, para quem Carvalho "sempre esteve ausente" do partido.
"Lamento que ele tenha desaprendido regras de elegância e de etiqueta e que a sua conduta o mostre hoje mais próximo do DEM do que do ex-presidente Fernando Henrique."
Coordenador de campanha de Alckmin, o deputado Edson Aparecido adotou, como estratégia, a responsabilização do prefeito Gilberto Kassab (DEM). "Inadmissível que um candidato passe a campanha inteira tentando destruir o partido que o colocou no poder", afirmou Aparecido, para quem Carvalho "é um triste figura que deixou o governo FHC pelas portas dos fundos".
"Nenhum deles ficará no PSDB", disse Aparecido.
Acionado pelos alckmistas, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), chamou de "inoportuna e injusta" a entrevista de Carvalho. E deixou claro que não tentará impedir sua expulsão. Guerra disse que o partido deve atuar como mediador para não prejudicar a campanha. "O que temos de fazer é não deixar que o conflito se estenda." Segundo ele, o partido apenas apóia a gestão Kassab.
O governador José Serra não quis se manifestar ontem. A tucanos, também disse que a entrevista de Carvalho foi inoportuna e que só interessa ao PT.
O deputado Silvio Torres disse que "Carvalho pode até garantir seu emprego", mas não escapará de ser "despedido dos quadros do PSDB".
No contra-ataque, o presidente da SPTuris, Caio Carvalho, disse esperar que Lobo "não perca o juízo como Geraldo". "A campanha ataca companheiros que já o ajudaram manipulada por marqueteiro ligado ao PT e por desempregados que agem com o fígado."
Na TV, avisa o marqueteiro Raul Lima, ataques vão continuar. Próximo alvo: segurança.
Pela manhã, Alckmin e Kassab se encontraram em evento da ONG Nossa São Paulo. Na chegada, Alckmin cumprimentou o adversário, mas sentou a algumas cadeiras de distância. Os dois não se falaram ao final.
Alckmin disse que não responderia a Carvalho. "O PSDB vai responder. Eu vou ignorar."
Questionado, afirmou que manterá os ataques. "É dever dos candidatos abordar problemas que afligem a população."
Como resposta, a campanha de Kassab investirá na idéia de que Alckmin impôs candidatura personalista. Em evento, o prefeito não comentou a subida de tom. Mas provocou: "Não posso deixar de falar do orgulho que tenho de ter companheiros do PSDB comigo num governo tucano-democrata."

Colaborou a Agência Folha, em Maceió



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