São Paulo, quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juíza aceita denúncia em ação da PF contra bingos

Esquema investigado durante Operação Têmis envolvia negociações de sentenças na Justiça Federal para favorecer as empresas

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A juíza federal substituta Paula Mantovani Avelino, da 1ª Vara Criminal de São Paulo, recebeu denúncia contra 12 pessoas acusadas na Operação Têmis, investigação que em 2007 desbaratou suposta quadrilha que negociava decisões judiciais na Justiça Federal para favorecer empresas de bingo. Trata-se de desdobramento da acusação oferecida em 2008 pelo Ministério Público Federal ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) contra quatro magistrados, quatro advogados, seis empresários, um procurador da Fazenda Nacional e uma servidora da Receita Federal.
Eles foram acusados de formação de quadrilha, exploração de prestígio, tráfico de influência, prevaricação e corrupção. A denúncia recebida alcança apenas os suspeitos que não têm direito a foro especial: Luís Roberto Pardo, Sidney Ribeiro, Maria José Moraes Rosa Ramos, Danielle Chiorino Figueiredo, Sérgio Gomes Ayala, Lúcia Rissayo Iwai, Luiz João Dantas, Bruno Penafiel Sander, Ricardo Andrade Magro, Marcos Urbani Saraiva, Joaquim Barongeno e Waldir Sinigaglia.
Em maio último, o ministro Felix Fischer, relator da ação penal nº 549 do STJ, autorizou o desmembramento do processo: fica no STJ apenas a denúncia contra os desembargadores Alda Basto, Nery Júnior e Roberto Haddad, que continuam atuando no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em SP.
O STJ ainda não decidiu sobre a denúncia oferecida pelo subprocurador da República Francisco Dias Teixeira. Por sua vez, o TRF-3 é o órgão competente para processar e julgar a juíza federal Maria Cristina Barongeno, também acusada na Operação Têmis.
Em junho último, ao decidir em processo disciplinar, o Órgão Especial do TRF-3 aplicou à juíza a punição de aposentadoria compulsória. O TRF-3 enviou cópia dos documentos relativos a Alda Basto, Nery Júnior e Roberto Haddad ao Conselho da Justiça Federal, que decidirá sobre eventual punição na esfera administrativa.
A Operação Têmis eclodiu quando 400 agentes da Polícia Federal cumpriram mais de 80 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro e Campo Grande (MS). A operação era para desmontar uma suposta quadrilha que burlava o fisco. A primeira suspeita surgiu nas investigações do mensalão, em delação premiada de um doleiro que acusou o juiz federal Manoel Álvares de vender sentença. Por meio de escutas autorizadas pela Justiça, descobriu-se a ligação do grupo com magistrados que proferiram decisões favoráveis a bingos.

Colaborou LILIAN CHRISTOFOLETTI, da Reportagem Local



Texto Anterior: Em voto final, Câmara cria 7.709 vagas de vereadores
Próximo Texto: Outro lado: Defesa nega acusação e faz crítica a processo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.