São Paulo, quarta-feira, 23 de setembro de 2009

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Senado aprova Múcio para o TCU

Ex-ministro das Relações Institucionais foi elogiado em sessão na Casa que ratificou seu nome para o cargo

Escolha de Lula por aliado ocorre num momento de insatisfação do governo com obstáculos criados pelo TCU ao andamento de obras


LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após uma sabatina exclusivamente de elogios, descrita pelos senadores como uma sessão de "homenagem" e uma "festa", a indicação do ministro José Múcio (Relações Institucionais) para uma vaga no TCU (Tribunal de Contas da União) foi aprovada ontem à noite pelo plenário do Senado por 46 votos favoráveis, 11 contrários e uma abstenção.
Primeiro indicado do presidente Lula ao tribunal, Múcio substituirá o ministro Marcus Vilaça, que se aposentou. O TCU é composto por nove ministros, dos quais três são indicados pela Câmara, três pelo Senado e três pelo presidente. O cargo é vitalício e o salário, de R$ 23.275 mensais.
A escolha de Lula por um aliado -eleito deputado federal pelo PTB, Múcio até ontem era responsável pela articulação política do Planalto- se dá num momento de insatisfação do governo com obstáculos criados pelo TCU.
A principal reclamação é com as medidas cautelares deferidas pelo tribunal, com as quais são suspensas licitações e bloqueados repasses para obras com irregularidades.
Ontem, na sabatina, senadores governistas fizeram menção ao suposto excesso de autonomia e poderes do TCU, mas Múcio não se posicionou.
A intenção inicial do presidente Lula era indicar Erenice Guerra, secretária-executiva da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Mas houve receio de que o nome dela não fosse aprovado pelos senadores.
No caso de Múcio, este obstáculo não existiu. Na sessão da manhã, de sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, ele não sofreu constrangimentos. Os elogios começaram com o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), seu conterrâneo e relator da indicação. Após ler um extenso currículo, o tucano disse que Múcio era "mais do que convincente".
José Agripino (DEM-RN) ponderou que as sabatinas de indicações do governo para o TCU sempre viram "sessões sisudas". Não foi o caso, concluiu: "essa sessão é uma festa". Agripino acrescentou que o novo ministro será "prisioneiro das leis". Múcio, no passado, foi do PFL, hoje DEM.
Na sabatina, Múcio teve apenas 1 dos 27 votos contrário. Nos bastidores, senadores dizem que o voto contra seria de Tião Viana (PT-AC), que teve atritos com o ministro no início deste ano, durante a eleição para a Presidência do Senado, perdida para José Sarney (PMDB-AP). Viana negou.
Múcio se emocionou ao fim da sabatina e embargou a voz em seu discurso final. Em entrevista, afirmou se sentir "com absoluta isenção" para o cargo.


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