|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Senado aprova Múcio para o TCU
Ex-ministro das Relações Institucionais foi elogiado em sessão na Casa que ratificou seu nome para o cargo
Escolha de Lula por aliado ocorre num momento de insatisfação do governo com obstáculos criados pelo TCU ao andamento de obras
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após uma sabatina exclusivamente de elogios, descrita
pelos senadores como uma sessão de "homenagem" e uma
"festa", a indicação do ministro
José Múcio (Relações Institucionais) para uma vaga no TCU
(Tribunal de Contas da União)
foi aprovada ontem à noite pelo
plenário do Senado por 46 votos favoráveis, 11 contrários e
uma abstenção.
Primeiro indicado do presidente Lula ao tribunal, Múcio
substituirá o ministro Marcus
Vilaça, que se aposentou. O
TCU é composto por nove ministros, dos quais três são indicados pela Câmara, três pelo
Senado e três pelo presidente.
O cargo é vitalício e o salário, de
R$ 23.275 mensais.
A escolha de Lula por um
aliado -eleito deputado federal pelo PTB, Múcio até ontem
era responsável pela articulação política do Planalto- se dá
num momento de insatisfação
do governo com obstáculos
criados pelo TCU.
A principal reclamação é com
as medidas cautelares deferidas pelo tribunal, com as quais
são suspensas licitações e bloqueados repasses para obras
com irregularidades.
Ontem, na sabatina, senadores governistas fizeram menção ao suposto excesso de autonomia e poderes do TCU, mas
Múcio não se posicionou.
A intenção inicial do presidente Lula era indicar Erenice
Guerra, secretária-executiva da
ministra Dilma Rousseff (Casa
Civil). Mas houve receio de que
o nome dela não fosse aprovado
pelos senadores.
No caso de Múcio, este obstáculo não existiu. Na sessão da
manhã, de sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos
do Senado, ele não sofreu constrangimentos. Os elogios começaram com o senador Sérgio
Guerra (PSDB-PE), seu conterrâneo e relator da indicação.
Após ler um extenso currículo,
o tucano disse que Múcio era
"mais do que convincente".
José Agripino (DEM-RN)
ponderou que as sabatinas de
indicações do governo para o
TCU sempre viram "sessões sisudas". Não foi o caso, concluiu:
"essa sessão é uma festa". Agripino acrescentou que o novo
ministro será "prisioneiro das
leis". Múcio, no passado, foi do
PFL, hoje DEM.
Na sabatina, Múcio teve apenas 1 dos 27 votos contrário.
Nos bastidores, senadores dizem que o voto contra seria de
Tião Viana (PT-AC), que teve
atritos com o ministro no início
deste ano, durante a eleição para a Presidência do Senado,
perdida para José Sarney
(PMDB-AP). Viana negou.
Múcio se emocionou ao fim
da sabatina e embargou a voz
em seu discurso final. Em entrevista, afirmou se sentir "com
absoluta isenção" para o cargo.
Texto Anterior: Bahia: Família de jornalista morto será indenizada Próximo Texto: Análise: Tribunal é um prêmio a homens fiéis ao governo Índice
|