São Paulo, quarta-feira, 23 de setembro de 2009

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Governador de MS diz que estupraria Minc

Puccinelli afirma que ministro é "veado e fuma maconha"; em resposta, petista chama peemedebista de "truculento ambiental"

Depois, governador disse que, se declarações fossem entendidas como ofensa, "apresentava pedido de desculpas" ao ministro


RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), desferiu ontem, durante um encontro com empresários do setor de cana, ataques pessoais ao ministro Carlos Minc (Meio Ambiente).
Puccinelli, segundo o relato de participantes da reunião, disse que o ministro "é veado e fuma maconha" e que, se Minc fosse a Campo Grande, "ia correr atrás dele e estuprá-lo em praça pública".
Mais tarde, já com a repercussão de suas declarações na imprensa local, Puccinelli publicou na página do governo na internet uma nota na qual diz ter feito apenas "referências, em tom de brincadeira, a outras críticas recebidas pelo ministro do Meio Ambiente".
De acordo com a nota, as declarações de Puccinelli -não reproduzidas no texto- foram "entendidas pelos presentes no contexto de brincadeira, sem caráter de ofensa pessoal".
À tarde, Puccinelli convocou a imprensa e leu outra nota. Nela, disse que lamentava a conotação de ofensa atribuída às suas declarações, "pois foram feitas em ambiente diverso".
Na reunião em que fez as declarações, o governador se queixou da possibilidade de proibição a novas usinas de cana na bacia do Alto Paraguai, onde se forma o Pantanal.
Segundo a nota de Puccinelli, "as críticas restringem-se ao ambiente do debate técnico e político dos assuntos que dizem respeito aos interesses de Mato Grosso do Sul. Quaisquer outros desdobramentos devem ser entendidos como inapropriados e, na hipótese, de terem gerado ofensa ao ministro, o governador apresenta seu pedido de desculpas".
No site do Ministério do Meio Ambiente, a assessoria de Minc publicou uma nota de duas linhas na qual Puccinelli é descrito como "um truculento ambiental que quer destruir o Pantanal com a plantação de cana-de-açúcar". Segundo a nota, a declaração dada pelo governador "revela o seu caráter".

"Selo verde"
Encaminhado no dia 17 ao Congresso, o projeto de lei que estabelece o zoneamento do plantio da cana é fruto de quase dois anos de discussões internas no governo federal.
Além de proibir a expansão da cana na Amazônia e no Pantanal, o texto prevê a mecanização da lavoura como forma de eliminar o uso do fogo e a emissão de gases poluentes.
A inclusão da bacia do Alto Paraguai na lista de áreas sob embargo permanente contrariou produtores rurais e o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. "Não podíamos pôr em risco a imagem do álcool verde por causa do interesse de oito empreendimentos", disse Minc na ocasião.
Ontem pela manhã, em entrevista à TV Morena (afiliada da Globo), Puccinelli fez críticas à decisão. Segundo ele, a bacia do Alto Paraguai "nada tem a ver com o Pantanal".


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