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MST usa arma em invasão
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
O MST de Pernambuco confirmou ontem o uso de armas
de fogo por integrantes do movimento durante a invasão da
fazenda Brejinho, em Bonito,
ocorrida no último fim-de-semana.
Segundo o integrante da direção estadual do MST Edilson
Barbosa, 23, os sem-terra utilizaram "espingardas de caça" na operação para "se
protegerem" contra eventuais
reações de seguranças da propriedade. Não houve confronto durante a ação.
Barbosa classificou a ação de
"isolada" e disse que líderes
do movimento já visitaram a
fazenda para tentar convencer
os invasores a evitar o uso das
armas. Nas invasões, geralmente são usadas foices, machados e facões.
Segundo ele, a entidade refuta qualquer acusação de incitação à violência, mas confirma
que a determinação dos invasores é de resistir a eventuais
tentativas de despejo, sem, no
entanto, utilizar as armas.
Barbosa negou que os agricultores portassem armas de
grosso calibre. Disse que as espingardas trazidas pelos trabalhadores rurais são do tipo
"soca-soca", muito utilizadas pelos sertanejos para obter
alimentos.
O líder sem terra afirmou
também que o MST prepara
novas invasões e que, até o final deste mês, "três ou quatro" propriedades deverão ser
tomadas. O uso de armas de fogo como forma de "defesa
contra pistoleiros" não foi descartado.
Segundo Barbosa, apesar da
proximidade das eleições, as
invasões patrocinadas pelo
movimento nesse período
"não têm vínculo com a
questão eleitoral".
Desde o encerramento da
"Marcha pelo Brasil", ocorrido no último dia 7, duas propriedades rurais foram invadidas pelos sem-terra em Pernambuco.
A primeira área invadida foi
a fazenda Brejinho, em Bonito,
município do agreste. A terra
foi invadida pela terceira vez
este ano, agora por cerca de
cem trabalhadores rurais.
O grupo invadiu a propriedade, de 1.270 hectares, que também estaria sendo reivindicada
por uma entidade rival, a Associação dos Produtores Rurais
do Sítio Olho d'Água.
A segunda invasão ocorreu
anteontem e envolveu cerca de
300 agricultores.
O alvo foi o engenho Pajuçara, em Quipapá, na Zona da
Mata. Não houve registro de
confronto.
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