São Paulo, quarta, 23 de setembro de 1998

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MST usa arma em invasão

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

O MST de Pernambuco confirmou ontem o uso de armas de fogo por integrantes do movimento durante a invasão da fazenda Brejinho, em Bonito, ocorrida no último fim-de-semana.
Segundo o integrante da direção estadual do MST Edilson Barbosa, 23, os sem-terra utilizaram "espingardas de caça" na operação para "se protegerem" contra eventuais reações de seguranças da propriedade. Não houve confronto durante a ação.
Barbosa classificou a ação de "isolada" e disse que líderes do movimento já visitaram a fazenda para tentar convencer os invasores a evitar o uso das armas. Nas invasões, geralmente são usadas foices, machados e facões.
Segundo ele, a entidade refuta qualquer acusação de incitação à violência, mas confirma que a determinação dos invasores é de resistir a eventuais tentativas de despejo, sem, no entanto, utilizar as armas.
Barbosa negou que os agricultores portassem armas de grosso calibre. Disse que as espingardas trazidas pelos trabalhadores rurais são do tipo "soca-soca", muito utilizadas pelos sertanejos para obter alimentos.
O líder sem terra afirmou também que o MST prepara novas invasões e que, até o final deste mês, "três ou quatro" propriedades deverão ser tomadas. O uso de armas de fogo como forma de "defesa contra pistoleiros" não foi descartado.
Segundo Barbosa, apesar da proximidade das eleições, as invasões patrocinadas pelo movimento nesse período "não têm vínculo com a questão eleitoral".
Desde o encerramento da "Marcha pelo Brasil", ocorrido no último dia 7, duas propriedades rurais foram invadidas pelos sem-terra em Pernambuco.
A primeira área invadida foi a fazenda Brejinho, em Bonito, município do agreste. A terra foi invadida pela terceira vez este ano, agora por cerca de cem trabalhadores rurais.
O grupo invadiu a propriedade, de 1.270 hectares, que também estaria sendo reivindicada por uma entidade rival, a Associação dos Produtores Rurais do Sítio Olho d'Água.
A segunda invasão ocorreu anteontem e envolveu cerca de 300 agricultores.
O alvo foi o engenho Pajuçara, em Quipapá, na Zona da Mata. Não houve registro de confronto.



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