|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUSTIÇA
Ministros julgam criação ou não de proteção a autoridades públicas que cometeram improbidade administrativa
STF vai decidir se amplia foro privilegiado
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STF (Supremo Tribunal Federal) está para decidir se cria ou
não uma proteção às autoridades
públicas acusadas de cometer
atos de improbidade administrativa. Hoje essa proteção, chamada
foro privilegiado, está limitada a
ações penais e processos por crime de responsabilidade.
Os ministros julgarão reclamação movida pela União contra a
condenação do ministro Ronaldo
Sardenberg (Ciência e Tecnologia) por uso de jatos da Força Aérea Brasileira para turismo. A decisão firmará uma posição sobre
inúmeras investigações em curso
contra autoridades. Representantes do Ministério Público temem
a paralisação dos casos pendentes. Sardenberg é acusado de improbidade. Esse tipo de processo
se inicia na primeira instância,
mas o governo quer transferir o
foro para o STF no caso de ministros de Estado.
A tese já foi acolhida pelo ministro Nelson Jobim, relator da reclamação. Ele concedeu liminar suspendendo a condenação.
Se ela for acolhida pela maioria
dos ministros do Supremo, os
procuradores da República e os
promotores de Justiça vão perder
o poder de investigação de autoridades e só poderão aplicar a Lei de
Improbidade Administrativa a
servidores públicos comuns.
As autoridades, chamadas de
agentes políticos, só poderiam ser
processadas no foro em que respondem por crimes. Por exemplo, ações contra ministros de Estado, senadores e deputados correriam no STF. Os governadores
seriam processados no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e os prefeitos, no TJ de seu Estado.
A iniciativa de investigação passaria a ser da cúpula do Ministério
Público, Federal ou do Estado, dependendo do caso. Há risco de o
STF acolher a tese criada pelo governo. Essa possibilidade levou
associações de classe de juízes e de
procuradores a fazer pressão diretamente sobre os ministros do Supremo contra a sua aprovação e a
divulgar notas contrárias.
A nova proteção interessa ao
presidente Fernando Henrique
Cardoso, especialmente se ele
também obtiver a volta do foro
privilegiado para ex-presidentes,
extinto pelo Supremo em 1999 e
que depende agora de projetos
em tramitação no Congresso.
FHC teme que, fora do cargo a
partir de 1º de janeiro, venha a ser
perseguido por juízes e procuradores da primeira instância. No
STF, estaria mais protegido.
A Lei de Improbidade Administrativa está em vigor desde 1992. A
decisão do STF poderá esvaziar a
sua aplicação. Membros do Ministério Público dizem que ela é o
instrumento mais eficaz de combate à corrupção no Brasil. Nos
dez anos de sua vigência, o tema
nunca foi debatido no tribunal.
Texto Anterior: Elio Gaspari: A ekipekonômica embolou com a cartomante Próximo Texto: ELEIÇÕES 2002 FHC "extorquiu" Estados, diz Lula Índice
|