São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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Ao lado de José Sarney, presidenciável afirma que dinheiro ia para Malan pagar juros ao FMI

FHC "extorquiu" Estados, diz Lula

Alan Marques/Folha Imagem
José Sarney, a candidata do PT ao governo do Amapá, Dalva Figueiredo, e Luiz Inácio Lula da Silva participam de comício em Macapá


KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACAPÁ (AP)

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou ontem, em comício em Macapá (AP), a política do presidente Fernando Henrique Cardoso afirmando que FHC só fazia reuniões com os governadores para extorquir dinheiro dos Estados, e não para discutir desenvolvimento regional e desigualdades sociais.
"Todas as reuniões entre FHC e os governadores foram para discutir a dívida dos Estados com a União. Na verdade, a reunião era para extorquir dinheiro dos Estados e dar para o [Pedro] Malan [ministro da Fazenda] fazer superávit primário e pagar juros das dívidas que ele [FHC] mesmo contraiu", disse Lula.
A Folha tentou entrar em contato com os assessores do presidente da República no Palácio do Planalto, mas não conseguiu.
O comício, para cerca de 30 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, contou com a presença do senador José Sarney (PMDB-AP) pela primeira vez num palanque petista. No comício, Lula chegou a chamar Sarney de "companheiro".
Lula disse que, em um eventual governo petista, a cada 120 dias os governadores se reunirão com ele no Palácio do Planalto. "Eu quero os 27 governadores desse país no Palácio do Planalto para discutir desenvolvimento regional, os problemas de cada Estado e como encaminhá-los", afirmou.
Sarney, no comício, justificou o apoio a Lula: "Fui um dos primeiros a apoiar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva num dos momentos que a candidatura passava por dificuldades. Eu fiz porque acredito que nesse momento o meu dever é apoiá-lo para ser o futuro presidente do Brasil".
"Lula pode fazer o pacto social, pode reunir o capital e trabalho, pode unir forças nesse Brasil, diminuir aquilo que é uma vergonha nacional, que é a concentração de renda e os desníveis por regiões", afirmou o senador.
Ele disse que quando saiu do governo -em 1990- deixou o país crescendo 5% ao ano e a menor taxa de desemprego. "A taxa de crescimento até hoje não se repetiu, a menor taxa de desemprego era de 3%. Hoje o Brasil está na vergonhosa situação que se encontra. Acredito que Lula vai retomar o crescimento e retomar os empregos", afirmou.
Lula também elogiou o programa de distribuição de leite no governo Sarney e afirmou que reeditará o tíquete do leite para distribuição as crianças.
"Sarney me disse que gostaria que eu recuperasse a política de garantir um litro de leite para cada criança desse país. Eu cheguei em casa e liguei para meu assessor José Graziano e disse que o presidente Sarney queria que eu adotasse o tíquete do leite. Graziano me disse que já estava no programa de combate a fome", disse.
No final do comício, Lula falou do candidato José Serra (PSDB) e fez críticas aos pedidos de debate no programa eleitoral do tucano.
"Como nenhum Estado convida, ele [Serra] fica em São Paulo dizendo: eu quero o debate, eu quero o debate. Primeiro, eu participei de mais de 40 debates. O meu adversário fala mais no meu nome do que no nome dele. Vocês já repararam que ele só fala no Lula. É capaz de domingo ele esquecer e votar em mim."
Lula veio a Macapá para impulsionar a campanha da petista Dalva Figueiredo ao governo no segundo turno -não foi divulgado nesse período pesquisa eleitoral entre a candidata e seu adversário, Waldez Góes (PDT).
Ontem a candidata recebeu o apoio formal do PMDB, do PSDB e do PL, mas enfrenta denúncias do Ministério Público Federal de uso da máquina administrativa na campanha. Ele nega as denúncias. De Macapá, Lula seguiu viagem para Belém (PA).


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