São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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Sarney aceitaria presidir Senado em um governo petista

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador José Sarney (PMDB-AP) afirmou ontem que, havendo "congregação de forças" em torno do seu nome, aceitaria ser novamente presidente do Senado -o que significa presidir o Congresso Nacional- para contribuir com um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, caso o petista vença a eleição do dia 27.
"Em outras duas oportunidades, não aceitei ser presidente do Congresso. Mas agora eu aceitaria porque posso ajudar o governo nesse momento em que serão necessárias reformas, inclusive a política", disse o ex-presidente da República (1985-1990), que presidiu o Senado no biênio 1995-97.
Contrariando a orientação da cúpula do seu partido, que se coligou ao PSDB em torno da candidatura de José Serra, Sarney declara apoio a Lula desde o primeiro turno. Ele prevê uma vitória "extraordinária" do petista.
Tradicionalmente, o presidente da Casa é indicado pela maior bancada, mas o cargo pode ser negociado entre os partidos, como já ocorreu. O PMDB terá 19 senadores a partir de 2003 (hoje tem 23), empatando com o PFL.
Na bancada peemedebista, há outros dois nomes sendo cotados: o do atual líder, Renan Calheiros (AL) -o senador proporcionalmente mais votado-, e o do atual presidente da Casa, Ramez Tebet (MS), reeleito para novo mandato. No PFL, é cogitado o nome do atual vice-presidente da República, Marco Maciel, eleito no dia 6.
Sarney reafirmou sua posição de não disputar o cargo. "Aceitaria desde que tivesse uma congregação de forças em torno do meu nome", disse, esclarecendo que isso não significa unanimidade.
Na opinião de Sarney, Lula terá um bom relacionamento com o Congresso. Ele disse não acreditar em oposição permanente dos partidos que deram sustentação ao atual governo e que espera que a maioria do seu partido apóie um eventual governo petista. Mas, por enquanto, o PMDB está dividido em duas correntes.
"Ele [Lula" chega com uma aura de tanta esperança que ninguém vai se negar a ajudar. Os políticos brasileiros nunca praticaram a política de terra arrasada e agora vão querer tocar fogo na fogueira? A classe política não irá falhar."
O PT já negocia aliança com as duas alas do PMDB, a governista e a oposicionista. A primeira, que controla 70% do partido e que apóia Serra, está rachada. A maioria, porém, tende a compor.
A ala oposicionista, que sempre apoiou Lula, dá como favas contadas a indicação de um ministro.
Na cúpula petista, a idéia é dar ao partido dois ministérios. O segundo seria para o grupo governista. Lula também vê com bons olhos a eventual eleição de Sarney para o Senado.
A Folha apurou que o partido, se julgar necessário para a governabilidade, abre mão da presidência da Câmara, apesar de ter eleito a maior bancada na Casa.


Colaborou KENNEDY ALENCAR, da Sucursal de Brasília


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