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Sarney aceitaria presidir Senado em um governo petista
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador José Sarney (PMDB-AP) afirmou ontem que, havendo
"congregação de forças" em torno do seu nome, aceitaria ser novamente presidente do Senado
-o que significa presidir o Congresso Nacional- para contribuir com um eventual governo de
Luiz Inácio Lula da Silva, caso o
petista vença a eleição do dia 27.
"Em outras duas oportunidades, não aceitei ser presidente do
Congresso. Mas agora eu aceitaria
porque posso ajudar o governo
nesse momento em que serão necessárias reformas, inclusive a política", disse o ex-presidente da
República (1985-1990), que presidiu o Senado no biênio 1995-97.
Contrariando a orientação da
cúpula do seu partido, que se coligou ao PSDB em torno da candidatura de José Serra, Sarney declara apoio a Lula desde o primeiro turno. Ele prevê uma vitória
"extraordinária" do petista.
Tradicionalmente, o presidente
da Casa é indicado pela maior
bancada, mas o cargo pode ser negociado entre os partidos, como
já ocorreu. O PMDB terá 19 senadores a partir de 2003 (hoje tem
23), empatando com o PFL.
Na bancada peemedebista, há
outros dois nomes sendo cotados:
o do atual líder, Renan Calheiros
(AL) -o senador proporcionalmente mais votado-, e o do atual
presidente da Casa, Ramez Tebet
(MS), reeleito para novo mandato. No PFL, é cogitado o nome do
atual vice-presidente da República, Marco Maciel, eleito no dia 6.
Sarney reafirmou sua posição
de não disputar o cargo. "Aceitaria desde que tivesse uma congregação de forças em torno do meu
nome", disse, esclarecendo que isso não significa unanimidade.
Na opinião de Sarney, Lula terá
um bom relacionamento com o
Congresso. Ele disse não acreditar
em oposição permanente dos
partidos que deram sustentação
ao atual governo e que espera que
a maioria do seu partido apóie um
eventual governo petista. Mas,
por enquanto, o PMDB está dividido em duas correntes.
"Ele [Lula" chega com uma aura
de tanta esperança que ninguém
vai se negar a ajudar. Os políticos
brasileiros nunca praticaram a
política de terra arrasada e agora
vão querer tocar fogo na fogueira?
A classe política não irá falhar."
O PT já negocia aliança com as
duas alas do PMDB, a governista e
a oposicionista. A primeira, que
controla 70% do partido e que
apóia Serra, está rachada. A maioria, porém, tende a compor.
A ala oposicionista, que sempre
apoiou Lula, dá como favas contadas a indicação de um ministro.
Na cúpula petista, a idéia é dar
ao partido dois ministérios. O segundo seria para o grupo governista. Lula também vê com bons
olhos a eventual eleição de Sarney
para o Senado.
A Folha apurou que o partido,
se julgar necessário para a governabilidade, abre mão da presidência da Câmara, apesar de ter
eleito a maior bancada na Casa.
Colaborou KENNEDY ALENCAR, da Sucursal de Brasília
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