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CAMPANHA NO AR
Apresentador divulga nota para se defender
Funcionário afirma que aprovou TV de Gugu por desinformação
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O delegado substituto do Ministério das Comunicações em
Goiás, José Praxedes Pereira da
Silva, que assinou documento autorizando a venda irregular de
uma TV em Cuiabá para o apresentador Gugu Liberato, disse ontem à Folha que agiu por desinformação.
Ele disse que recebeu "orientação truncada" dos funcionários
da área jurídica da delegacia, que
responde também por Mato
Grosso. "A declaração está errada. Foi um equivoco", declarou.
Ele disse que lhe pediram a declaração em caráter de urgência, o
que teria contribuído para o erro.
No dia 11 de junho deste ano,
Praxedes forneceu um documento à Junta Comercial de Mato
Grosso dizendo que a empresa
Pantanal Som e Imagem -vencedora da licitação para o canal de
TV em Cuiabá- podia ter as cotas negociadas livremente, sem
autorização prévia do Ministério
das Comunicações.
Transferência
Com base no documento, Gugu
Liberato registrou a transferência
de 98% das cotas da empresa para
seu nome e os 2% restantes para o
nome da irmã, Fátima Aparecida
Liberato Caetano, na Junta Comercial. O apresentador havia adquirido o controle da empresa,
por contrato particular, em dezembro de 2001, mas o negócio só
foi oficializado após a autorização
do funcionário do ministério.
O Senado aprovou o decreto de
concessão no dia 26 de junho, como se a empresa ainda estivesse
em nome dos sócios originais,
que se habilitaram na licitação
pública. No dia 23 de agosto, o
ministro das Comunicações, Juarez Quadros, e a advogada de Gugu Liberato, Fátima Gruber, assinaram o contrato de concessão.
Anteontem, a consultoria jurídica do ministério concluiu que a
venda da empresa após a licitação
foi "ilegal". A consultoria deu parecer considerando nulo o contrato de concessão, que foi acatado pelo ministro.
Defesa de Gugu
Cópia do documento assinado
pelo delegado de Goiás foi divulgada ontem por Gugu Liberato
para explicar a compra da empresa: "Toda a negociação foi feita
em meu nome, Antonio Augusto
Moraes Liberato, e o de minha irmã Aparecida Liberato Caetano,
ou seja, em nenhum momento foi
utilizado o chamado "contrato de
gaveta" ou "laranja" para concretizar a compra. Seguimos os parâmetros legais e só concretizamos
a compra após recebimento do
documento assinado pelo Ministério das Comunicações - Serviço
de Outorga e Jurídico".
O apresentador disse que ele
próprio divulgou à imprensa que
havia comprado a Pantanal. "Tudo sempre baseado na autorização em anexo assinado pelo Ministério das Comunicações." Gugu nega que tenha havido favorecimento político para aprovação
da concessão e diz que há anos
disputa uma concessão para
montar sua própria emissora.
Indução
Praxedes disse que desconhecia
o impedimento legal para a venda
de empresas vencedoras de licitações públicas de radiodifusão.
"Não sou advogado. Cuido da
área administrativa", afirmou.
Ele disse que foi induzido a erro
pelos funcionários da área jurídica, que não atentaram para o fato
de que a empresa tinha vencido a
licitação para o canal de TV.
Eles teriam consultado apenas o
cadastro das empresas que já receberam a concessão. Como a
Pantanal não estava na lista, concluíram que a venda estava liberada.
Praxedes disse que assinou uma
outra declaração semelhante à
emitida para Gugu, mas que a
venda da empresa teria sido evitada pela consultoria do ministério.
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