São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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LUIZ HENRIQUE

Candidato diz que está em cruzada contra oligarquias

DA AGÊNCIA FOLHA

Administrador da maior cidade catarinense -Joinville- por três vezes, cotado para ser vice na chapa do tucano José Serra à Presidência, o peemedebista Luiz Henrique da Silveira viu crescer sua candidatura nos últimos dias.
A estratégia de ligar seu nome ao petista Luiz Inácio da Silva e abandonar o tucano, no segundo turno, alavancou, segundo coordenadores de sua campanha, sua candidatura nas pesquisas.
Encarnando um discurso de mudança, Luiz Henrique não poupou críticas aos que chama de "oligarcas e apoiadores do regime militar", ampliando o bate-boca com Esperidião Amin (PPB), seu rival histórico. (JM)

Agência Folha - O sr. foi cotado para vice de José Serra, apoiou-o no primeiro turno e agora vota em Lula. Não é oportunismo político?
Luiz Henrique da Silveira -
Esse caminho quem trilhou foi José Serra, que, no primeiro turno, achava que o meu adversário ganharia a eleição e priorizou o apoio a ele. Nem mesmo gravar para o meu programa o presidenciável gravou. Ele escolheu o caminho das oligarquias. Aqui o jogo é o futuro contra o passado. Eu sempre falei que o Serra botaria o pé em duas canoas e iria afundar. Foi o que aconteceu. Ele deixou os seu amigos fiéis para acreditar naqueles que apoiaram a ditadura.

Agência Folha - Caso Serra vença Lula, o sr. acredita que terá um bom relacionamento com ele?
Luiz Henrique -
Relacionamento administrativo se tem com qualquer presidente, mas não acredito na vitória de José Serra. Lula vai passar dos 80% aqui no Estado. O PMDB está engajado com o Lula e não negará nenhum voto a ele.

Agência Folha - O último governo do PMDB atrasou salários e deixou precatórios impagáveis. Qual vai ser a diferença do governo do sr.?
Luiz Henrique -
O meu governo vai ser eleito contra as oligarquias. O grande erro que o Paulo Afonso [ex-governador" teve que cometer para ganhar a eleição foi se aliar às oligarquias, que fez o que faz com todo governo. No final, depois de sugar e sugar, deixou o governo e a maioria parlamentar.

Agência Folha - Como o sr. avalia que será sua relação com a Assembléia? Diminuiu o poder do PMDB na casa [de 10 para 7 deputados].
Luiz Henrique -
A união dos partidos que nos apóiam vai nos garantir pelo menos a metade dos deputados, mas eu acredito que teremos maioria folgada, sem nenhum problema.

Agência Folha - No seu plano de governo fala-se em incentivar a competitividade entre as empresas. O sr. é favorável aos incentivos fiscais, à disputa por investimentos entre os Estados?
Luiz Henrique -
Eu sou absolutamente contra a guerra fiscal. Eleito governador, eu vou procurar o presidente Lula para propor uma reunião entre todos os governadores para debater um novo pacto federativo. Que [Lula" faça a reforma política, a reforma fiscal e a tributária. Vou pedir a revogação do ICMS e do IPI, que revogue a guerra fiscal e a sonegação. Revogue a tributação sobre o salário e a produção e crie a tributação sobre a renda e o consumo.

Agência Folha - Caso eleito, qual será a sua primeira medida?
Luiz Henrique -
A descentralização. Assim que assumir, mando para a Assembléia um projeto criando uma política de municipalização de prioridade social e de modernização tecnológica.

Agência Folha - Seu concorrente afirma que o sr. irá implantar pedágios nas rodovias catarinenses. O sr. confirma essa proposta?
Luiz Henrique -
Isso é a mesma coisa de dizer que você, quando crescer, vai ser mau. O governador é o responsável pelo pedágio aqui no Estado. Foi o partido dele que criou a lei que permitiu a concessão de estradas a empresas particulares em troca de pedágio. Eu acredito que, com as reformas que o Lula fará, o governo vai arrecadar mais e terá condições de fazer estradas sem precisar concedê-las a ninguém.


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