São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2005

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PAINEL

Hotline
Muita coisa mudou, mas Delúbio Soares segue sem precisar de intermediários para se entender com Lula. Basta ao ex-tesoureiro passar a mão no telefone.

Público-alvo
Ao ironizar, no documento de defesa apresentado ao PT, os que imaginavam que o dinheiro para as campanhas do partido fosse providenciado por Papai Noel, Delúbio tinha em mente um correligionário em particular: Aloizio Mercadante.

Lilliput
Integrante do Campo Majoritário do PT, o deputado Devanir Ribeiro (SP) faz piada do encolhimento do grupo hegemônico no partido. Diz que o nome deveria ser mudado para "Quadra Majoritária", devido às dimensões mais modestas.

PTfobia
João Paulo Cunha tem motivos de sobra para se preocupar com o relator de seu processo no Conselho de Ética. Levantamento no site da Câmara mostra que os dez discursos mais recentes de Cezar Schirmer (PMDB-RS) foram pau puro no PT.

Sou você amanhã
Em telefonema a um pefelista no corpo-a-corpo para a votação da perda de seu mandato, José Dirceu (PT-SP) manifestou solidariedade ao também cassável Roberto Brant (PFL-MG), a quem, disse, está sendo impingido "um sofrimento injusto".

Ordem no caos 1
No esforço concentrado da CPI dos Correios para apressar seus relatórios parciais, o tucano Eduardo Paes (RJ) foi nomeado "relator-adjunto" de Osmar Serraglio (PMDB-PR). Cobrará tarefas dos técnicos e fará a ponte entre eles e o relator.

Ordem no caos 2
Chegou-se ao arranjo após muita lavagem de roupa suja na CPI. Delcídio Amaral (PT-MS) passou um pito geral nos técnicos. Agora, cada um ficará subordinado a um sub-relator.

Desconstruindo Lula
O PSDB discutiu o que fazer com seus últimos comerciais deste ano, previstos para ir ao ar em novembro. Foi cogitada a hipótese de usar as inserções para promover os presidenciáveis do partido, mas acabou prevalecendo a idéia de que o adequado agora é bater no governo.

Pesos e medidas
A opção tucana é melhor para José Serra, que não precisa mais ser apresentado ao público, do que para Geraldo Alckmin, interessado em toda e qualquer oportunidade de se tornar conhecido fora de São Paulo.

Fica como está
É cada vez mais remota a possibilidade de ser derrubada a verticalização das alianças partidárias para as eleições do ano que vem. Por motivos diversos, PT, PSDB e PFL não querem mexer na regra. E o PMDB está, como de hábito, dividido.

Vôo solo
Mantida a verticalização, algumas candidaturas estaduais irão sofrer. No Maranhão, Roseana Sarney (PFL) poderá ficar sozinha no palanque, caso se confirme a previsão de aliança nacional de seu partido com o PSDB, adversário local da senadora.

Fiat Lux
O Planalto aproveitou a viagem de Lula à Europa para promover mais uma reforma. Desta vez foram trocadas todas as luminárias do gabinete presidencial. Quem sofreu foi o vice, José Alencar, obrigado a despachar no gabinete da Defesa.

Meio a meio
A proposta de restrição ao comércio de armas, que segundo diferentes institutos deve ser derrotada no referendo que acontece hoje no Brasil, divide os argentinos. De acordo com a pesquisa mais recente sobre o tema no país vizinho, 41% são favoráveis, e 40%, contrários.

TIROTEIO

Do líder da bancada do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), sobre o pacto contra a utilização de "caixa dois" selado entre os senadores do PT:
-Em português claro, eles resolveram cumprir a lei, o que é sempre positivo. Mas a decisão precisa ser estendida a Lula. Do contrário, o presidente continuará a dizer por aí que crime eleitoral é coisa da política.

CONTRAPONTO

Ao pé do ouvido

Logo no início da década de 80, Tancredo Neves recebeu em seu gabinete o empresário paulista Antonio Ermírio de Moraes, interessado em conversar com o então senador sobre um "grave problema do país".
Tancredo, que dali a cinco anos seria eleito o primeiro presidente da República depois do ciclo militar, mas morreria antes de tomar posse, convidou Ermírio para almoçar no restaurante dos senadores.
Assim que ocuparam seus lugares, o empresário disse:
-A Previdência Social está quebrada. Uma bomba-relógio!
Tancredo mordeu a ponta da gravata, um conhecido hábito seu, e nada disse. Esperou o empresário mudar de assunto.
Quando Ermírio ameaçou voltar ao tema, o senador olhou para os lados e disse, como se quisesse guardar um segredo:
-Fale baixo, senão você provoca uma comoção nacional!


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