São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

PF turbinada

Associações de juízes e procuradores temem que a Polícia Federal ganhe superpoderes num segundo governo Lula. Tramita no Senado proposta de mudança da Constituição conferindo status de ministro-chefe ao diretor da PF e prerrogativas aos delegados para assumir a exclusividade das investigações, determinar prisões e quebrar sigilos sem autorização judicial. O projeto é do senador Vilmar Amaral (PTB-DF), suplente de Luiz Estevão. Tem o apoio do ex-diretor da PF Romeu Tuma (PFL-SP) e assinaturas, entre outros, dos tucanos Arthur Virgílio (AM) e Tasso Jereissati (CE) e dos petistas Eduardo Suplicy (SP), Ideli Salvatti (SC) e Serys Slhessarenko (MT). "A proposta é uma aberração", diz o advogado Fábio Comparato.

Reações. Para a Associação Nacional dos Procuradores da República, a emenda de Vilmar Amaral "cria um Estado armado dentro do Estado". A Associação dos Magistrados Brasileiros entende que "a Polícia Federal não deve ser usada para fins políticos".

Desconhecimento. A assessoria de Márcio Thomaz Bastos diz que o ministro não foi consultado sobre o projeto de Amaral. E desconhece algum país que tenha a polícia desvinculada do Executivo.

Focos. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), tem dito a Lula que é fundamental, se reeleito, acertar a articulação com o Congresso e construir uma relação institucional com a imprensa.

Afago. Aldo defende a inclusão do ex-presidente FHC na mesa de negociação, caso Lula vença. Diz que que votou nele em 85, para prefeito, contra Eduardo Suplicy, e em 86, para senador. "E não são votos dos quais me arrependo", diz.

Foro íntimo. Lula confidenciou a interlocutores que votou em José Genoino para deputado federal. Para o presidente, "Genoino pagou pelo que não fez, foi injustiçado". Já Vicentinho diz que recebeu o voto de Lula, que teria levado até "cola" com seu número.

A conferir. O ex-ministro Saraiva Felipe (PMDB) diz que Lula passará dos 60% de votos em Minas. E que, a despeito de Aécio Neves na campanha de Alckmin, prefeitos tucanos migram para Lula.

Fantasma. Jayme Lerner está para a campanha de Osmar Dias (PDT) no Paraná assim como o governo FHC está para a de Alckmin. Roberto Requião (PMDB) centrou os esforços no segundo turno em associar o adversário ao ex-governador, que o apóia.

Sotaque. A campanha de Geraldo Alckmin distribui material segundo as prioridades regionais. Para Sul e Sudeste, a ênfase é num jornal do candidato. Para o Norte e Nordeste, panfletos com a "cola" do número do tucano.

Nomes. Fernando Schmidt, ex-chefe de Gabinete de Jaques Wagner no ministério da articulação política, deve ser secretário de Governo da Bahia. Geddel Vieira Lima indicaria o ex-deputado carlista Benito Gama para uma pasta.

Poderoso. Walter Pinheiro (PT-BA), tratado a pão e água nos últimos quatro anos, foi campeão de votos do partido no Estado. Deve pleitear a liderança na Câmara e cargos no governo de Wagner.

Mercado futuro. Com a maior bancada eleita na Assembléia paulista, o PSDB não vai abrir mão da presidência da Casa, hoje nas mãos de Rodrigo Garcia (PFL).

Afinidades. Além das mensagens de apoio de Lula em carros de som, Roseana Sarney (PFL) usa bandeiras vermelhas na sua campanha ao governo do Maranhão.

Mais um. Eleito deputado federal pelo nanico PTC, Clodovil mandou emissários perguntar a Lula em qual legenda deveria ficar. Foi aconselhado a procurar o PMDB, que abriga "diferentes criaturas", diz um aliado do presidente.

Tiroteio

A campanha do Lula agora terá de mudar seu slogan para: "Deixe o "Lulinha" trabalhar".


Do deputado federal eleito SILVIO TORRES (PSDB-SP) sobre as suspeitas de que Fábio Luís Lula da Silva, sócio da empresa Gamecorp, atuaria como lobista da Telemar junto ao governo de seu pai, o candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva.

Contraponto

Direto e reto

O deputado reeleito Doutor Rosinha (PT-PR), que passou parte da campanha de molho devido a uma cirurgia, aproveitou as últimas semanas para ir às ruas. Num corpo-a-corpo em Curitiba, um eleitor puxou longa conversa.
-O senhor me dá licença? Preciso continuar trabalhando, pedindo votos-, esquivou-se o petista.
-Como consegue ter tantos votos? -, indagou o eleitor, apesar dos insistentes pedidos de licença de Rosinha.
-É porque eu não sou chato -, disparou o petista.
-Está me chamando de chato? -reagiu o eleitor.
-Estou sim, passar bem!-, encerrou o deputado.


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