|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula nega dividir o país e diz que rico não precisa do Estado
Presidente afirma que tem consciência do que São Paulo representa na economia
Exposição de "Lulinha" deixa petista abatido; aliados avaliam que investigações sobre negociação do dossiê não ameaçam sua vitória
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Na reta final de campanha, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva negou ontem que, durante o processo eleitoral, tenha
dividido o país entre "ricos e
pobres". Porém, entre elogios
ao Estado de São Paulo e afirmações de que governa e governará para 190 milhões de brasileiros, o presidente também
alegou que "rico não precisa do
Estado brasileiro" e que seus
adversários têm um projeto político "para atender apenas aos
interesses da elite".
"Aí eles inventaram: o Lula
quer dividir o Brasil entre pobres e ricos. Eu não quero dividir coisa nenhuma. Eu já nasci
pobre. (...) Eu não dividi não.
Eles é que dividiram. (...) Se dependesse de mim, só tinha rico", disse em comício na Cidade Tiradentes, região da periferia na zona leste de São Paulo.
O presidente estava ligeiramente abatido. Segundo aliados, Lula ficou bastante irritado com a publicação da foto do
filho, Fábio Silva, na capa da revista "Veja". O presidente considera que a campanha passou
a expor sua família. Lula evitou
a imprensa ontem.
Sobre o caso dossiê, o presidente e a coordenação de campanha avaliaram, em conversas
reservadas, que o relatório da
Polícia Federal não trouxe revelações capazes de alterar a
perspectiva de vitória no segundo turno. Foram descobertas ligações telefônicas do ex-ministro José Dirceu e do chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, a Jorge Lorenzetti,
considerado o "mentor" da
compra do dossiê. Lorenzetti
integrou a campanha de Lula.
Em comício de aproximadamente 20 minutos, Lula mostrou preocupação em enfatizar
que não trata São Paulo com
preconceito, apesar de seus
aliados já terem feito reiteradas
críticas à "elite paulistana", a
quem se referiram como golpista. Geraldo Alckmin (PSDB)
teve ampla vantagem sobre Lula em São Paulo, com 54% a
37% dos votos válidos.
"Tenho consciência do que
São Paulo representa na economia nacional. Tenho consciência de que o presidente da República precisa governar o Brasil para 190 milhões de habitantes. (...) E tenho clareza (...) que
a gente precisa estar cuidando
sempre dos mais necessitados.
Porque o rico não precisa do
Estado brasileiro. Quem precisa do Estado brasileiro é o povo
pobre deste país", afirmou.
O petista passou a fazer promessas nos comícios. Disse que
num segundo mandato vai
criar 300 mil vagas nos ProUni
(bolsas para universitários carentes). Prometeu criar postos
da Caixa Econômica Federal
em todos os Estados do país para atender os prefeitos e garantiu que "nenhuma empresa será privatizada no país".
Pobres e banqueiros
Segundo Lula, "a verdade
nua e crua é que no programa
político da elite (...) o pobre não
está incluído". "Pobre só tem
importância em época eleitoral. Em época eleitoral, pobre
vale mais do que banqueiro."
O tom messiânico é mantido
nos comícios. Para Lula, "foi
Deus que garantiu o segundo
turno", o que permitiu uma
comparação para "o povo entender" a diferença entre os
dois projetos. "De um lado, o
projeto que só tem como interesse atender a elite. De outro
lado, o projeto que quer governar para todos, mas sabe que
quem merece atenção especial
é o povo pobre", afirmou.
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), também fez um rápido discurso antes do comício de Lula. Afirmou
que Alckmin parece "personagem da propaganda daquele
Itaú Personalité". "O público
dele é do torneio de tênis na
Costa do Sauípe", ironizou.
Em seguida, Lula concordou
com o aliado: "Esse é um país
de todos. Não é o país de jogadores de tênis apenas".
Ao final do comício, Lula disse que os adversários deveriam
"rezar" para que ele vença a
eleição, porque ele deixaria "o
Brasil muito melhor".
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frases Índice
|