São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES / PRESIDÊNCIA

Alckmin diz que, se perder, não será conivente com impunidade

Declaração destoa da adotada por parte da oposição que prega diálogo em eventual governo Lula

Em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, tucano diz que corrupção na atual gestão é comandada a partir de dentro do Planalto

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, deu ontem, pela primeira vez, sinais de que seu partido, caso ele seja derrotado domingo que vem, não abandonará o tom áspero das cobranças de esclarecimentos no caso do dossiê feitas até agora por sua campanha.
No programa "Roda Viva" (TV Cultura), questionado sobre um suposto "terceiro turno" das eleições se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer, Alckmin respondeu: "O que o PT não pode exigir da oposição é impunidade. Querer que a oposição seja conivente com a impunidade não pode".
A declaração contraria os interesses dos coordenadores da campanha de Lula neste segundo turno e também de parte da oposição. Ambos pregam um "diálogo" ou uma "concertação" pela governabilidade caso o presidente seja reeleito, o que implicaria um abrandamento dos ânimos no caso das investigações quanto à origem do dinheiro que seria utilizado por ex-petistas na compra de um dossiê contra tucanos.
Após a gravação do programa, Alckmin evitou comentar uma possível vitória de Lula, mas disse que "quem ganha governa, quem perde fiscaliza". Segundo ele, se vencer a eleição domingo, o PSDB não contará com a ajuda do PT, pedirá apenas uma "oposição madura".

Planalto
Na entrevista ao "Roda Viva", gravada durante a tarde e que foi ao ar excepcionalmente na noite de ontem, em razão do debate de hoje na TV Record, o tucano acusou o Palácio do Planalto de comandar a corrupção no país. O chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, é o mais recente personagem do escândalo do dossiê.
"É um governo em que a corrupção acontece comandada dentro do Palácio do Planalto e ninguém [na Presidência] vê. Nem a velhinha de Taubaté acredita nisso", afirmou.
O tucano também incluiu em sua pauta de campanha a investigação do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público, revelada pela revista "Veja", que aponta superfaturamento em obras federais no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
"O que a gente sabe [sobre os escândalos] é a ponta de um iceberg. Veja agora o escândalo dos aeroportos, o finger de R$ 700 mil foi de 2 milhões", disse.
Em seguida, ele comentou uma entrevista de Lula na qual o presidente teria dito que o governo foi "grosseiro" com o caseiro Francenildo Costa, que teve seu sigilo bancário violado no escândalo que culminou com a demissão do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.
"Crime virou grosseria, olha o nível de tolerância que o governo está chegando."
Alckmin foi pouco questionado sobre casos de corrupção e desvios éticos envolvendo o PSDB. Em um desses momentos, ele saiu em defesa de sua filha, Sofia, que trabalhou na butique de luxo Daslu, acusada de sonegação fiscal.
Sofia foi até a Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda tratar de questões do interesse da loja. "Ela não pediu [nada], ela era empregada da loja, não era sócia. Foi publicamente até uma repartição pública", disse o tucano.
Segundo ele, o tema não o incomoda. "Não tenho nenhum problema de abordar questões de família, sou republicano."


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