|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES / PRESIDÊNCIA
Alckmin diz que, se perder, não será conivente com impunidade
Declaração destoa da adotada por parte da oposição que prega diálogo em eventual governo Lula
Em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, tucano diz que corrupção na atual gestão é comandada a partir de dentro do Planalto
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, deu
ontem, pela primeira vez, sinais
de que seu partido, caso ele seja
derrotado domingo que vem,
não abandonará o tom áspero
das cobranças de esclarecimentos no caso do dossiê feitas até
agora por sua campanha.
No programa "Roda Viva"
(TV Cultura), questionado sobre um suposto "terceiro turno" das eleições se o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
vencer, Alckmin respondeu: "O
que o PT não pode exigir da
oposição é impunidade. Querer
que a oposição seja conivente
com a impunidade não pode".
A declaração contraria os interesses dos coordenadores da
campanha de Lula neste segundo turno e também de parte da
oposição. Ambos pregam um
"diálogo" ou uma "concertação" pela governabilidade caso
o presidente seja reeleito, o que
implicaria um abrandamento
dos ânimos no caso das investigações quanto à origem do dinheiro que seria utilizado por
ex-petistas na compra de um
dossiê contra tucanos.
Após a gravação do programa, Alckmin evitou comentar
uma possível vitória de Lula,
mas disse que "quem ganha governa, quem perde fiscaliza".
Segundo ele, se vencer a eleição
domingo, o PSDB não contará
com a ajuda do PT, pedirá apenas uma "oposição madura".
Planalto
Na entrevista ao "Roda Viva",
gravada durante a tarde e que
foi ao ar excepcionalmente na
noite de ontem, em razão do
debate de hoje na TV Record, o
tucano acusou o Palácio do Planalto de comandar a corrupção
no país. O chefe-de-gabinete de
Lula, Gilberto Carvalho, é o
mais recente personagem do
escândalo do dossiê.
"É um governo em que a corrupção acontece comandada
dentro do Palácio do Planalto e
ninguém [na Presidência] vê.
Nem a velhinha de Taubaté
acredita nisso", afirmou.
O tucano também incluiu em
sua pauta de campanha a investigação do Tribunal de Contas
da União e do Ministério Público, revelada pela revista "Veja",
que aponta superfaturamento
em obras federais no aeroporto
de Congonhas, em São Paulo.
"O que a gente sabe [sobre os
escândalos] é a ponta de um
iceberg. Veja agora o escândalo
dos aeroportos, o finger de R$
700 mil foi de 2 milhões", disse.
Em seguida, ele comentou
uma entrevista de Lula na qual
o presidente teria dito que o governo foi "grosseiro" com o caseiro Francenildo Costa, que
teve seu sigilo bancário violado
no escândalo que culminou
com a demissão do ex-ministro
da Fazenda Antonio Palocci.
"Crime virou grosseria, olha
o nível de tolerância que o governo está chegando."
Alckmin foi pouco questionado sobre casos de corrupção
e desvios éticos envolvendo o
PSDB. Em um desses momentos, ele saiu em defesa de sua filha, Sofia, que trabalhou na butique de luxo Daslu, acusada de
sonegação fiscal.
Sofia foi até a Secretaria de
Estado dos Negócios da Fazenda tratar de questões do interesse da loja. "Ela não pediu
[nada], ela era empregada da loja, não era sócia. Foi publicamente até uma repartição pública", disse o tucano.
Segundo ele, o tema não o incomoda. "Não tenho nenhum
problema de abordar questões
de família, sou republicano."
Texto Anterior: Passeatas contra e pró Lula se encontram na zona sul do Rio, sem violência Próximo Texto: Sem convidar Garotinho, candidato vai à Baixada Fluminense ao lado de tucanos Índice
|