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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
PF aponta mais casas de câmbio envolvidas
Transações realizadas com a Vikatur, no Rio, sugerem que intermediários do PT usaram pessoas pobres como "laranjas'
Excesso de intermediários dificulta a reconstituição do itinerário percorrido pelo dinheiro apreendido com emissários petistas em SP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
DO ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal chegou a
três casas de câmbio pelas
quais suspeita terem passado
os dólares usados por emissários petistas na negociação do
dossiê contra tucanos.
Uma delas, a Vikatur, fica na
Baixada Fluminense, mesma
região no Rio de onde a PF
acredita que parte dos reais
apreendidos com os petistas tenha vindo. As duas outras casas
são a Diskline, em São Paulo, e a
Centaurus, em Florianópolis.
Ao rastrear as transações feitas pela Vikatur, a PF reuniu informações de que pessoas pobres de uma mesma família adquiriram dólares em operações
consideradas suspeitas. A hipótese mais provável é que sejam
"laranjas" utilizados para encobrir os verdadeiros interessados na compra dos dólares.
A existência de muitos intermediários nessas transações
tem sido a maior dificuldade
dos investigadores que cuidam
do caso para montar todo o percurso da moeda estrangeira até
chegar às mãos de Hamilton
Lacerda, identificado pela PF
como a pessoa que levou o dinheiro a Gedimar Passos e Valdebran Padilha, os dois emissários do PT detidos no hotel Ibis,
em São Paulo, com o R$ 1,75
milhão que seria usado na compra do dossiê. Lacerda coordenava a campanha do senador
Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo até a crise.
A rota da moeda estrangeira
começa num lote de US$ 29 milhões que chegou ao Brasil por
meio de operações feitas pelo
banco Sofisa entre agosto e setembro, e revendido a cinco
corretoras, que por sua vez repassaram os dólares a mais de
30 instituições. Do R$ 1,75 milhão apreendido com os petistas, havia US$ 248,8 mil, dos
quais US$ 110 mil estavam em
notas seriadas que faziam parte
do lote trazido pelo Sofisa. O
problema é que, ao revender a
moeda, o Sofisa não é obrigado
a registrar -e não registrou- o
número de série das cédulas.
A quebra de sigilo da Diskline
revelou que a casa de câmbio
vendeu, em uma operação, US$
110 mil à Showbus, em São Paulo. Ela é uma empresa "fantasma". Ela não tem telefone na
lista e no seu endereço funciona um escritório de engenharia.
A Centaurus, que também teve seu sigilo quebrado, é alvo de
uma denúncia recebida pela
CPI dos Sanguessugas. Segundo o vice-presidente da comissão, Raul Jungmann (PPS-PE),
a empresa teria vendido US$
150 mil para Jorge Lorenzetti,
ex-chefe da área de inteligência
da campanha de Lula e apontado pela PF como o articulador
da compra do dossiê.
Em relação aos reais, a PF
tem indícios de que R$ 5.000
passaram por bancas de jogo do
bicho na Baixada Fluminense.
(ANDRÉA MICHAEL, HUDSON CORRÊA,
LEONARDO SOUZA E ROGÉRIO PAGNAN)
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