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OSMAR DIAS
Senador diz que faz oposição, mas tem diálogo com governo
Pedetista sustenta que governos anteriores deixaram 280 municípios do Paraná com IDH abaixo da média nacional
Osmar Dias defende seu
vice, rebate acusações de
enriquecimento ilícito e diz
que pagou propriedade no
Tocantins com seu dinheiro
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O candidato do PDT ao governo do Paraná, Osmar Dias,
54, critica governos anteriores
dos quais fez parte -de Alvaro
Dias (PSDB), seu irmão, do próprio rival, Roberto Requião
(PMDB), e de quem o apóia
agora, Jaime Lerner (ex-PFL,
hoje PSB)- para justificar a necessidade de ampliação de programas assistencialistas.
Osmar diz que as políticas
públicas dos governadores dos
últimos 20 anos fracassaram e
que o estilo precisa mudar. Na
gestão do irmão, o senador reeleito Alvaro Dias, ele foi presidente de uma empresa estadual
de fomento. No primeiro governo Requião, foi secretário da
Agricultura. Osmar diz que modernizou a agricultura do Paraná quando foi secretário de Requião, mas que não era o governador para colocar em prática
programas sociais. Leia os principais trechos da entrevista:
FOLHA - Seu rival diz que o sr. não
tem programa de governo. Que
marca pretende deixar, se vencer?
OSMAR DIAS - Quem fala que não
tenho projeto deixou o Estado
sofrer uma queda de 3% na indústria em 12 meses. Proponho
um projeto claro de desenvolvimento para a agricultura, a
agroindústria e para atrair investimentos. O Estado tem que
abrir o diálogo com os investidores, ser parceiro, e não espantar investidores.
FOLHA - Quanto vale hoje sua fazenda de 8.335 hectares em Formoso do Araguaia, no Tocantins, que o
sr. declarou por R$ 2,5 milhões?
OSMAR - Comprei por R$ 2,5
milhões, em 2003. Não sei, não
fiz avaliação, mas é só pegar as
áreas que estão sendo vendidas
perto dela. Tem uma oferta de
área de 25 mil alqueires, perto
dela, por R$ 40 mil. Fiz um bom
negócio, paguei com meu dinheiro, limpo.
FOLHA - Como o sr. pretende se relacionar com o MST, se eleito governador? Pelas terras que herdou e
comprou, o sr. é um latifundiário.
OSMAR - Depende do conceito.
Para o Tocantins, a fazenda é
uma propriedade média. Meu
relacionamento com os movimentos sociais será de acordo
com a Constituição e a lei e o
que elas preceituam: propriedade improdutiva deve ser desapropriada; a que tem projeto
em execução é produtiva e a
que esteja produzindo não pode ser invadida.
FOLHA - O sr. diz que não sabia das
ações por suspeita de improbidade
administrativa e fraude em licitações que seu vice [ex-prefeito de Toledo Derli Donin] responde na Justiça e que pediu levantamento à assessoria jurídica. Pensa em trocá-lo?
OSMAR - Não. Isso seria a atitude extrema. Os processos do vice foram impetrados por adversários políticos. Confio que
todas as respostas dele serão
positivas para a falta de fundamento das denúncias. São processos não julgados e que o candidato à reeleição [Requião]
tem mais de 200 iguais.
FOLHA - Caso Lula se reeleja e o sr.
se eleja, como será a relação com o
presidente que não apoiou?
OSMAR - Em janeiro de 2003, o
[Leonel] Brizola avisou que estávamos nos afastando porque
ele não concordava com a linha
que o governo adotava. Então o
PDT foi oposição do primeiro
mês até hoje. Votamos matérias a favor quando achamos
que era importante. Mas foi um
partido de oposição. Nem por
isso deixei de ter entendimento
com o presidente. Fui chamado
várias vezes para opinar sobre
agricultura, ajudei a fazer o
projeto do biodiesel. Pretendo
enriquecer esse diálogo juntando a bancada do Estado.
FOLHA - Se eleito, pretende manter
algum programa do atual governo?
OSMAR - O de [isenção] de micro e pequenas empresas, vamos melhorar e ampliar faixas.
Esses assistencialistas [de distribuição de leite para crianças
e subsídio nas contas de luz e
água a famílias pobres], vamos
ampliar. Essa é a maior prova
de que o Paraná precisa mudar
o estilo de governo. De 1990 a
2006, lá se foram 16 anos, e só
teve dois governadores [Lerner
e Requião]. E esses dois governadores deixaram 280 municípios com IDH abaixo da média
nacional. Todos os indicadores
são piores que dos Estados vizinhos. Isso revela o fracasso das
políticas públicas dos últimos
governos. E, se voltarmos a
1986, serão três, em 20 anos: do
Alvaro, do Lerner e do Requião.
Folha - O sr. integrou as equipes de
Alvaro e Requião. É co-responsável...
OSMAR - Não. Se você voltar no
passado, vai ver que a agricultura do Paraná foi a mais moderna do país. Foi com ela que o
Paraná pôde se manter até hoje. Os governos fracassaram
com as políticas sociais. Fui um
secretário da Agricultura, não
um governador para colocar
em prática projetos de educação, saneamento e segurança.
Folha - O sr. define Requião como
um governante autoritário. Mas há
quem aponte semelhança no perfil
do senhor. O sr. é autoritário?
OSMAR- De jeito nenhum, eu
dialogo muito. A minha convivência com ele por oito anos no
Senado fez com que eu aprendesse a fazer o contrário do que
ele faz. Foi bom exemplo para
que eu não seguisse. Eu não
censuro jornalista.
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