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Governo traça plano para neutralizar CPI
Líderes articulam para evitar que comissão, criada para investigar MST, respingue no governo no período eleitoral
O trunfo da base aliada é poder indicar o presidente e o relator da CPI, o que vai permitir ao governo medir o ritmo das investigações
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de fracassarem na
tentativa de arquivar a CPI que
investigará as contas do MST,
líderes petistas na Câmara e no
Senado irão agora discutir uma
estratégia para que o andamento da comissão não respingue
no governo em 2010.
Os petistas analisam duas
opções: instalar logo a CPI para
que ela termine antes do início
da campanha ou postergar a escolha dos integrantes para que,
em meio ao período eleitoral, a
comissão fique esvaziada.
A decisão da estratégia será
repassada aos demais líderes da
base aliada, que devem indicar
os titulares da comissão: 17 deputados e 17 senadores.
A comissão foi criada no início da madrugada de ontem,
quando a base aliada não conseguiu retirar um número suficiente de assinaturas do requerimento da comissão. O mínimo exigido era de 27 senadores
e 171 deputados -a oposição
reuniu o apoio de 210 deputados e 36 senadores.
A oposição afirma que as invasões de terra promovidas pelo movimento são financiadas
pelo governo federal, por meio
de repasses a entidades ligadas
aos sem-terra.
Um trunfo da base aliada é a
possibilidade de indicar o presidente e o relator da comissão,
o que permite a ela medir o ritmo das investigações. "Temos
de fazer uso dessa maioria",
disse o deputado Dr. Rosinha
(PT-PR). Por outro lado, o PT
sabe que, em meio à base aliada,
há integrantes da bancada ruralista (anti-MST). Ou seja,
mesmo que a CPI tenha a oposição em minoria, os ruralistas
podem dominá-la.
Agronegócio
Outra ideia dos petistas é
usar o foco da CPI -investigar
entidades do meio rural e não
apenas o MST-, para investigar as contas de entidades ligadas ao agronegócio, como a
CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Para que a CPI seja instalada
e entre em funcionamento, os
líderes dos partidos precisam
indicar seus integrantes. Não
há um prazo fixo para isso.
Ontem, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP),
disse que, diante de uma eventual demora nesse procedimento, "no prazo de algumas
semanas, nós mesmos faremos
as indicações, seguindo a orientação dada pelo Supremo Tribunal Federal".
Para o MST, a CPI é uma reação dos ruralistas à promessa
do presidente Lula de atualizar
os índices de produtividade
usados na desapropriação de
áreas para a reforma agrária.
"Não é possível que essas organizações criminosas recebam apoio e verbas publicas do
governo", disse o presidente
nacional da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antonio Nabhan Garcia.
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