São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONTAS DA REELEIÇÃO
Encontro foi em maio de 99 e tratou da dívida de R$ 3 mi deixada pela campanha de FHC, em 1998
EJ confirma ter participado de reunião

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira confirmou ter participado de uma reunião, em maio de 1999, para tratar da dívida de R$ 3 milhões deixada pela campanha de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1998.
A presença de EJ no encontro foi revelada pelo empresário Josué Gomes em depoimento ao Ministério Público anteontem.
Gomes é superintendente da Coteminas, empresa que forneceu 2,1 milhões de camisetas à campanha de FHC e recebeu apenas parte do pagamento devido.
O encontro foi realizado no gabinete do senador José Alencar (PMDB-MG), pai de Gomes e controlador da Coteminas.
"Não entendi o que ele estava fazendo lá. Eu pedi uma reunião com o presidente do PSDB, o senador Teotônio Vilela (AL), e ele (EJ) veio", afirmou Gomes.
"O PSDB estava assumindo a dívida da campanha e eu fui à reunião pronto para explicar qualquer dúvida que o senador José Alencar tivesse", disse EJ.
O ex-secretário-geral disse que "desmobilizou o comitê logo depois da eleição", mas que eventualmente prestou esclarecimentos sobre fatos da campanha, como o que aconteceu com a dívida da Coteminas.
Além de vender 2,1 milhões de camisetas para o comitê de FHC, a Coteminas doou outras 415 mil unidades à campanha. A contribuição equivale a R$ 589 mil e não consta no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A inexistência desse registro faz parte das investigações do Ministério Público sobre contribuições para a campanha de FHC que não foram registradas no TSE, conforme a Folha divulgou no dia 12 de novembro.
O empresário Clésio Andrade, presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), entrou em contato com a Folha ontem para esclarecer a participação da entidade na campanha de FHC em 1994 e 1998.
Reportagem publicada no último domingo mostra que a CNT contribuiu com R$ 300 mil em 1994, de acordo com uma planilha utilizada pelos arrecadadores.
"Eu fui procurado pelo Sérgio Motta em 1994. Expliquei a ele que a CNT não poderia contribuir porque é uma entidade de classe", afirmou Andrade. "Entreguei (a Motta) uma lista com empresas para ele procurar diretamente."
Sérgio Motta, ministro das Comunicações de FHC, morto em 1998, coordenou a campanha presidencial tucana em 1994.
Andrade disse ainda que em 1998 foi contatado pelo ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, presidente do comitê financeiro de FHC e autor de planilhas de arrecadação em 1994 e 1998, conforme registros eletrônicos.
"Dei a Bresser a mesma explicação: que a lei proíbe as entidades de classe de fazer doações. E também passei para ele nomes de empresas, dos quais não me lembro mais. Mas nem em 1994 nem em 1998 nós discutimos valores", declarou, ao negar que a CNT tivesse doado R$ 300 mil à campanha que levou FHC ao seu primeiro mandato como presidente.


Texto Anterior: Fundo de pensão espera reajustes
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.