São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 2000

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QUESTÃO AGRÁRIA
Funcionário do Ministério da Justiça não irá interferir na apuração da morte de coordenador dos sem-terra
Ouvidor acompanhará investigação no PR

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM QUERÊNCIA DO NORTE

O governo federal enviou ontem o ouvidor agrário José Gersino Filho para acompanhar as investigações sobre a morte do sem-terra Sebastião de Maia, 38, o Tiãozinho, um dos coordenadores regionais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Paraná.
Tiãozinho foi morto anteontem após comandar invasão na fazenda Água da Prata, em Querência do Norte (noroeste do Estado).
Gersino Filho disse que irá ficar na região até a próxima sexta. Segundo ele, sua expectativa é que os "executores e, no caso, o mandante ou mandantes, sejam conhecidos até lá".
O ouvidor agrário é vinculado ao Ministério da Justiça, mas afirmou que sua presença ocorreu depois de um pedido do ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann. Ele esteve reunido ontem com o delegado de Paranavaí, Luiz Norberto Canhoto, que assumiu as investigações.
Gersino Filho está na região com uma equipe de quatro agentes federais, que não irão interferir nas investigações.
O delegado Canhoto disse que não irá arbitrar fiança para os cinco seguranças. Eles teriam sido contratados pelo proprietário da fazenda Água da Prata, Wilson Ferreira, segundo a polícia.
Os cinco presos são José João da Silva, 54, Rafael Alves de Oliveira, 56, Valdir de Almeida, 40, Nilton Nunes de Carvalho, 56 e Donizete Aparecido da Silva, 32.
O advogado Murilo Zanetti Leal disse que Ferreira viajou "para escapar das pressões dos sem-terra". Ele falou que tinha apenas o proprietário como cliente e disse não saber qual empresa de segurança havia sido contratada.
Aproximadamente 300 pessoas acompanharam ontem o enterro de Sebastião de Maia. Em clima de muita revolta, os sem-terra criticavam o governo por não desarmar os fazendeiros da região.


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