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CAÇA À RAPOSA
Petista vê "mercado a disputar" nas fileiras peemedebistas com eventual desistência de governador mineiro
Saída de Itamar ajuda muito o PT, diz Lula
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O provável candidato petista à
Presidência, Luiz Inácio Lula da
Silva, disse ontem que a eventual
impossibilidade de Itamar Franco
disputar o Planalto "ajudaria
muito" o PT.
Nesta semana, a Executiva Nacional do PMDB, dominada por
governistas, restringiu o universo
da prévia presidencial do partido
a 3.870 participantes.
Em um colégio eleitoral pequeno, as chances de Itamar vencer a
disputa são escassas. Dessa forma, o partido tende a apoiar um
candidato governista.
"Eu acredito que a decisão do
PMDB, que é da Executiva, deixa
claro que foi feita para dificultar a
indicação do Itamar para uma
candidatura [presidencial". Acho
que, se o PMDB não tiver candidato a presidente da República,
acredito que isso termina por ajudar muito o PT", declarou Lula,
em entrevista na sede do diretório
nacional petista, em São Paulo.
O petista disse que a eventualidade de Itamar ser impedido pelo
PMDB de disputar a presidência
evidenciaria a divisão na legenda.
Nesse caso, disse Lula, haveria
um "mercado a disputar" nas fileiras peemedebistas. O próprio
Itamar e outras figuras do partido, como o senador Roberto Requião (PR), já sinalizaram que
pretendem apoiar o petista e não
aderir ao candidato governista.
"Você sabe quem são os governistas do PMDB. Mas sabe também que tem uma quantidade
enorme de gente no partido que
não concorda com a vinculação
ao governo", declarou o pré-candidato petista. "Eles poderão canalizar suas revoltas e seus votos
para os partidos de oposição. Obviamente, o PT tem a disputar o
mercado de votos que vai se apresentar se isso acontecer."
Lula disse que o presidente nacional da legenda, José Dirceu,
tem sido um "peregrino" da
união das oposições já no primeiro turno. "Mesmo que isso não seja possível, é preciso abrir uma estrada para uma aliança no segundo turno", disse Lula.
Para Dirceu, há uma "base social e eleitoral" do PMDB que não
votará no candidato governista.
"Essa base tende a votar na oposição. E nós somos o partido que
tem mais proximidade com essa
base, é só ir nos Estados e ver. E o
Lula é a liderança que tem mais
proximidade", afirmou.
O presidente petista ressalvou
que, apesar de considerar o impedimento da candidatura Itamar
eleitoralmente bom para o partido, é "ruim para a democracia".
"Para a democracia brasileira, é
muito importante que existam
várias candidaturas no primeiro
turno. O PT não tem problema
nenhum com relação a isso. É um
direito dos partidos", declarou.
Bem-humorado, Dirceu afirmou que vai cobrar direitos autorais do governo por supostamente se apropriar de bandeiras do
PT. Ele citou a atuação da delegação brasileira na reunião da Organização Mundial do Comércio,
em Doha (Qatar) como exemplo.
Na reunião, o Brasil conseguiu
mudar a lei de patentes de remédios -permitindo a quebra em
casos de emergência na área de
saúde- e obteve a promessa de
maior acesso aos mercados de
países desenvolvidos.
"No fundo, tem um pouco de
PT no discurso do governo, é só
ver. Foi lá em Doha e fez um discurso que é o nosso."
Dirceu também ironizou a declaração do governador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que se comparou ao Afeganistão enquanto o
ministro José Serra (Saúde) seria
os EUA -ou seja, o presidenciável favorito de FHC. "Quem entende de terrorismo são eles. Nós
entendemos de paz."
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