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São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2003

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MUDANÇA NO NINHO

Políticos ligados a Covas, morto em 2001, estão fora do poder no PSDB e sem espaço no governo

Alckmin se livra do grupo covista em SP

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Menos de um ano após o tucano Geraldo Alckmin ter assumido seu atual mandato no comando de São Paulo, os "covistas", grupo historicamente ligado ao governador Mário Covas (morto em 2001) e hegemônico no PSDB paulista na última década, estão fora do poder no partido e praticamente sem espaço na administração pública do Estado.
O ocaso dos "covistas", impulsionado pela derrota do grupo nas eleições para a presidência do Diretório Estadual, semana passada, consolida a ascensão dos "alckmistas" ao controle do partido e da máquina pública.
A mudança distancia os "covistas" do sonho de lançar um candidato a prefeito no ano que vem.
Nos quase 11 meses de seu atual mandato, Alckmin, que foi vice de Covas, atuou discretamente nos bastidores e, nas palavras de um tucano que trabalhou com Covas, ajudou seu grupo a "cortar lentamente o oxigênio" dos "covistas" na administração da máquina e na direção do PSDB.
Em sentido oposto, o governador acentuou o caráter conservador de sua gestão, especialmente na área da segurança, e estreitou a relação dos tucanos com o PFL, partido com o qual Covas manteve sempre uma aliança tática e, muitas vezes, conturbada.
Entre os homens de confiança do governador hoje estão Alexandre Moraes, secretário da Justiça, e Cláudio Lembo, vice-governador, ambos pefelistas. O secretário de Esportes, Lars Grael, também do PFL, ganha espaço nas articulações entre os dois partidos e o Palácio dos Bandeirantes.
Nos discursos e homenagens Covas continuará sendo sempre lembrado no Bandeirantes, mas na máquina pública as principais pastas estão com tucanos historicamente "alckmistas" ou próximos de José Serra, presidente nacional do partido (veja quadro).
Desde o último domingo, após acirrada disputa interna, na qual o governador entrou na última hora, políticos ligados a ele controlam os diretórios estadual e municipal do PSDB e devem indicar o candidato tucano à disputa da sucessão de Marta Suplicy (PT) na capital do Estado.
Dos cinco nomes hoje colocados no PSDB para a disputa, dois são "alckmistas", os secretários Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança) e Gabriel Chalita (Educação), e três "covistas", os deputados federais Walter Feldman e Zulaiê Cobra e o ex-presidente nacional do PSDB José Aníbal.
A queda-de-braço entre os grupos desgastou a relação do governador com os "covistas", entre eles a própria família Covas, que mantém com o Alckmin um relacionamento "polido", mas frio.
Os correligionários fiéis à memória de Covas não aprovaram, por exemplo, os encontros que Alckmin manteve, meses atrás, com o ex-prefeito Paulo Maluf (PP), maior desafeto político do governador morto em 2001.
Na eleição para o diretório estadual, domingo passado, em São Paulo, a ex-primeira-dama Lila Covas, viúva de Covas, apoiou Tião Farias. Mas o "covista" acabou derrotado pelo deputado federal Antonio Carlos Pannunzio, em um acordo de última hora que teve a costura do governador.
Lila foi pessoalmente à Assembléia pedir votos para o ex-secretário particular do marido.
Antes de se lançar à disputa, Farias deixou o cargo de "assessor especial" que ocupava no Palácio dos Bandeirantes.
Os "ressentimentos" dos "covistas" quanto à distribuição de cargos foi levado à família Covas.
De seu lado, Alckmin ficou irritado após ter sido recebido na Assembléia por um grupo de militantes que usava nariz de palhaço. Entre os manifestantes, estaria Bruno Covas, neto de Lila.


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