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São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2003

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Recessão e inflação marcaram período

ESPECIAL PARA A FOLHA

A campanha das diretas coincidiu com uma profunda crise econômica. O Brasil pagava a conta dos erros dos anos 70, quando o governo Ernesto Geisel (74-79) insistiu em manter o crescimento numa época de desaceleração.
Os dois choques do petróleo (1973 e 1979) multiplicaram o preço do barril por dez no período. Dependentes do combustível importado, os países industrializados passaram a registrar uma inflação crescente e, para contê-la, elevaram os juros. O Brasil perdeu duplamente: pagou mais pelo petróleo e pelo serviço da dívida. A situação se agravou quando, em agosto de 1982, o México entrou em moratória. O mercado passou a considerar o Brasil a bola da vez.
Em 1983, a equipe econômica cedeu e buscou um acordo com o FMI. Embora as cartas de intenção não tivessem sido cumpridas, o país entrou em recessão. O PIB encolheu quase 5%, o pior resultado desde que o levantamento começou a ser feito, em 1947.
A recessão foi inócua para controlar a inflação. Os preços continuaram disparando. No final de 1983, o índice bateu em 211%. O quadro de crise aguda tinha nome: estagflação, a combinação de estagnação e inflação. Como resultado, a renda per capita despencou mais de 7% no ano. Começou aquela que depois seria chamada de "a década perdida".
O ano de 1983 é lembrado pela inquietação social. Em São Paulo, onde havia 300 mil desempregados na região metropolitana, houve momentos de tensão. Em abril, três semanas após a posse do governador Franco Montoro, uma manifestação de desempregados acabou em saques a supermercados. Uma multidão se dirigiu ao Palácio dos Bandeirantes e tentou derrubar a cerca. Os desempregados foram dispersados enquanto o Exército era posto de prontidão.
(OSCAR PILAGALLO)


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