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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI NA MIRA
Presidente deu declaração de apoio a Palocci em Luziânia, no interior de Goiás, onde participou de evento com trabalhadores rurais
Lula diz que ministro está "firme" no cargo
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A LUZIÂNIA
Mesmo diante das ameaças de
Antonio Palocci de deixar o cargo
por conta de seu enfraquecimento no governo, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o ministro da Fazenda está "mais firme do do que nunca".
A declaração foi dada em Luziânia (GO), onde Lula participou de
evento com trabalhadores rurais.
Debaixo de chuva, no trajeto entre o salão de eventos e os carros
da comitiva presidencial, Lula foi
questionado por jornalistas se Palocci continua no governo.
"Ele [Palocci] está mais firme do
que nunca", respondeu o presidente. Sorridente ao cumprimentar os jornalistas, Lula adotou um
semblante sério ao responder,
com aparente convicção, sobre a
situação de Palocci, que, um dia
antes, havia lhe dito que poderia
deixar a pasta caso não tivesse
suas reivindicações atendidas.
A seguir, já em frente do veículo
presidencial e cercado por seguranças e assessores, Lula gesticulou negativamente com a cabeça
ao ser indagado se realmente Palocci não sairá do governo no momento em que sofre pressões para
mudar a política econômica e responde a denúncias de corrupção.
"Capeta"
Em Luziânia, município do entorno de Brasília, o presidente
participou de congresso da Fetraf
(Federação dos Trabalhadores na
Agricultura Familiar do Brasil).
Logo no início do evento, depois
de ter seu nome gritado por cerca
de 2.000 pessoas, Lula acompanhou uma apresentação teatral na
qual o tema era o confronto do
"bem" contra o "mal".
A atriz que simbolizava o "capitalismo" e a "concentração de terra" estava vestida de "capeta". Ao
deixar o evento, o presidente gargalhou ao ser questionado, por
duas vezes, se o "capeta" estava
atacando o Palocci.
Ontem, em sua fala de 45 minutos toda improvisada, o presidente não abordou a questão econômica do governo. Relatou uma série de números sobre agricultura
familiar, compra de alimentos e
Bolsa-Família, o que provocou a
dispersão dos presentes, que estavam em clima eleitoral.
No dia em que nova pesquisa
CNT/Sensus mostrou que o prefeito paulistano, José Serra
(PSDB), venceria Lula num evento segundo turno em 2006, o presidente insinuou que não terá um
segundo mandato no Planalto.
A declaração, dias depois de ter
admitido (e depois recuado) sua
candidatura, ocorreu no momento em que cobrava dos agricultores a elaboração de projetos via
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). "Vocês podem fazer isso
[projetos], e o BNDES certamente
dará a assessoria que for necessária. E vocês têm que aproveitar
porque o mandato termina no dia
31 de dezembro do ano que vem.
Depois, vocês não vão nem conseguir falar "bom dia" para o presidente do BNDES."
Antes, Lula havia ouvido do
presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Felício, a promessa de apoio caso decida disputar a reeleição.
E, no mesmo dia em articulou
com o governador Aécio Neves
(PSDB-MG) uma espécie de pacto
de não-agressão com a oposição,
Lula não perdeu a oportunidade
de atacar os adversários ao falar
sobre a transposição do rio São
Francisco: "Porque tem gente que
não quer acabar com a miséria
neste país, porque a miséria é a
fonte da sua manutenção em cargos políticos".
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