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Congresso reforça o caixa de prefeitos com R$ 3,1 bi em emendas
Verbas do Orçamento da União destinadas às prefeituras por parlamentares têm aumento de 26% em relação a 2007
Pelo menos 155 dos atuais 594 congressistas têm seus seus nomes cogitados para disputar a eleição municipal em outubro do próximo ano
RANIER BRAGON
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Prefeituras do país terão no
ano eleitoral de 2008 um acréscimo de R$ 3,1 bilhões em verbas federais para tocar obras
como construção de praças,
quadras poliesportivas, calçamento de ruas e compra de ambulâncias. O valor representa
66% dos R$ 4,75 bilhões que
deputados e senadores incluíram por meio de emendas individuais à proposta de Orçamento da União 2008.
O dinheiro federal destinado
pelos congressistas às prefeituras em 2008, por meio das
emendas individuais, representa um acréscimo de 26% em
relação a este ano.
Isso se dá porque, na atual
tramitação da proposta de Orçamento, os congressistas elevaram o valor das emendas individuais (tradicionalmente direcionadas às prefeituras) e diminuíram o percentual das
emendas feitas pelas bancadas
e comissões do Congresso, que
geralmente destinam recursos
para grandes obras feitas diretamente pelo governo federal.
Pelo menos 155 dos 594 congressistas têm os seus nomes
cogitados para a disputa municipal de outubro do ano que
vem. Análise da Folha dos dados da execução orçamentária
federal deste ano mostrou que
os congressistas pré-candidatos do bloco do governo tiveram destinação de verbas para
suas emendas em um valor médio de R$ 1 milhão para cada
um. Os da oposição tiveram
emendas atendidas em uma
média de R$ 500 mil.
O acesso ao detalhamento
das 9.619 emendas ao Orçamento 2008 feitas por deputados e senadores foi liberado
ontem. O grosso das emendas
destina recursos para obras e
investimentos nos redutos
eleitorais dos congressistas.
Em linhas gerais, os dados
mostram que os parlamentares
privilegiaram investimentos
em infra-estrutura urbana (R$
876 milhões), turismo (R$ 514
milhões), construção, reforma
e ampliação de praças e outras
áreas de lazer (R$ 365 mil), e
compra de equipamentos hospitalares e ambulâncias (R$
281 milhões), foco do escândalo dos sanguessugas em 2006.
O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), destinou os R$ 8 milhões de suas
emendas individuais para
obras e investimentos na área
de saúde, pesca e infra-estrutura para 13 municípios do Estado do Acre. O presidente licenciado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), direcionou suas
emendas para construção de
casas populares em Murici, sua
cidade natal, além de verbas
para combate à doença de Chagas e compras de ambulância
em Alagoas, entre outras ações.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), também diversificou suas emendas, encaminhando verbas para infra-estrutura, inclusão digital, turismo, agropecuária
saúde e promoção da igualdade
racial em São Paulo. Os R$ 100
mil destinados à aquisição de
equipamentos para a rede pública de ensino fundamental de
Bocaina foi promessa feita durante lançamento de pedra
fundamental de uma escola na
cidade, em meados deste ano.
Os ex-ministros Ciro Gomes
(PSB-CE) e Antonio Palocci Filho (PT-SP) também beneficiaram seus redutos. Ciro destinou R$ 8 milhões para o governo do Ceará, tocado por Cid
Gomes, seu irmão. Palocci
apresentou emendas para
obras de saneamento, turismo
e urbanização em Ribeirão
Preto, da qual foi prefeito, além
de emendas para cidades da região, como Araraquara (R$ 500
mil), São Carlos (R$ 500 mil) e
Matão (R$ 300 mil). Porto Alegre, que tem oito deputados federais como pré-candidatos,
também foi muito beneficiada.
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