São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Ouro puro

Contribuição da bancada de Minas Gerais ao festival de penduricalhos no texto da reforma tributária, o aumento na cobrança de royalties pela extração de minérios é combatido pelo lobby da Vale, influente no Congresso. Seus representantes não conseguiram derrubar o artigo na comissão especial, mas prometem redobrar esforços para fazê-lo no plenário.
A incidência, hoje de 2% sobre a receita líquida das mineradoras, passaria a ser de 3% sobre a receita bruta. Estados produtores, como Minas e Pará, quadruplicariam o recolhimento desses royalties, que hoje somam R$ 1,7 bilhão por ano no país. Um dos caixas reforçados seria o do tucano Aécio Neves.



Rio doce 1. A chamada bancada da Vale reúne 52 deputados e oito senadores, que receberam R$ 9,3 milhões em doações na campanha de 2006, via três subsidiárias.

Rio doce 2. Entre os agraciados estão os presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN). Cada um recebeu R$ 100 mil.

Down. No núcleo do governo Lula, a resistência mais explícita à compra da Nossa Caixa pelo BB partiu, do princípio ao fim, de Dilma Rousseff. A ministra não achou a menor graça num negócio que dará gás para José Serra, seu presumido adversário em 2010.

Up. Já a descoberta de novas reservas de petróleo na camada pré-sal do litoral do Espírito Santo foi recebida com euforia por Dilma. Ela espera dar novo impulso ao tema, eclipsado pela crise global.

Rota do milhão 1. Após se eleger em São Bernardo com uma das campanhas mais ricas do país, Luiz Marinho (PT) irá a Brasília nesta semana visitar ex-colegas de Esplanada num esforço para liberar repasses nos ministérios da Saúde, da Educação, do Esporte e das Cidades.

Rota do milhão 2. A equipe de transição, chefiada pela ex-palaciana Miriam Belchior, detectou R$ 80 milhões em emendas ao Orçamento que, se liberados, bancarão a promessa de erguer um hospital e um pronto-socorro.

Hélice 1. Com licitação anunciada e resolvida em uma semana, o governo do Acre, chefiado por Binho Marques (PT), comprou da Helibras um helicóptero no valor de R$ 7,9 milhões. O presidente do Conselho de Administração da empresa é o também petista Jorge Viana, antecessor de Marques. A homologação da compra foi assinada no dia 13 passado pelo secretário de Segurança, Antonio Monteiro Neto.

Hélice 2. A assessoria do governador diz que o negócio "respeitou o processo licitatório" e que a intenção de comprar o helicóptero era antiga (Viana assumiu o conselho da Helibras em setembro de 2007). O governo do Acre acrescenta que conseguiu desconto de R$ 400 mil.

Conclave. A secretaria do Ministério da Justiça dedicada à reforma do Judiciário designou uma comissão de notáveis para atualizar a lei de abuso de autoridade, feita nos anos 60. A defesa de nova legislação para o tema constará de pacto a ser assinado pelos presidentes dos três Poderes.

Distração. Às voltas com o bombardeio sobre a Abin pós-Operação Satiagraha, o GSI tenta se dedicar a outros assuntos. Seu gabinete permanente de crise passou a monitorar o risco para embarcações brasileiras que navegam pelo litoral da Somália, alvo da ação de piratas.

Claquete. Arnaldo Carrilho será o primeiro embaixador do Brasil na Coréia do Norte. Sua passagem pela direção da Riofilme poderá contribuir para a aproximação com o ditador local, Kim Jong-il, conhecido apreciador das produções de Hollywood.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Que racha na PF? Cadê a outra metade? O que existe são pessoas sendo investigadas. Uma instituição rachada não elege seu corregedor por unanimidade."

Do ministro da Justiça, TARSO GENRO , lembrando o consenso na escolha de Valdinho Caetano para rejeitar a tese da "PF dividida".

Contraponto

De cor e salteado

Na eleição deste ano, o PSDB lançou um candidato conhecido como Ligeirinho no município baiano de Novo Triunfo. Travado para falar em público, ele procurou uma professora, que o orientou a decorar os discursos.
Disciplinado, o tucano recitava sua fala num comício quando, por descuido da organização, os rojões explodiram antes da hora. Ao perder o fio da meada, Ligeirinho emudeceu. Depois de alguns segundos de pânico, só lhe restou pedir desculpas e anunciar:
-Vou ter que começar tudo de novo...
A platéia, compreensiva, aplaudiu efusivamente. E ao fim da campanha o elegeu prefeito com ampla vantagem.


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