São Paulo, Quinta-feira, 23 de Dezembro de 1999 |
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PAINEL Jogou duro O veto de FHC ao perdão de multas eleitorais de parlamentares, aprovado pelo Congresso, é um sinal evidente de que o presidente não vai dar mais a importância que dava à relação com a base aliada. Não vai romper, mas depender menos da pauta legislativa. É o anunciado fim da fase das reformas. É coerente De um auxiliar de FHC, sobre Geddel (PMDB-BA) dizer quenão entende por que o presidente sancionou a anistia a Humberto Lucena, em 95, e, agora, veta projeto semelhante: ""Antes, ele governava dependendo do Congresso. Agora, não dependerá tanto assim". Pensando no futuro FHC nunca será o presidente que dá murro na mesa, mas, dizem tucanos, está convencido de que não pode se mais refém da base aliada como nos primeiros cinco anos de governo. ""É a hora de pensar em entrar para a história ou de se contentar em acomodar gregos e troianos no governo", diz palaciano. Tigre de papel Quem fala com FHC sai certo de que o prestígio de ACM nunca esteve tão em baixa no Planalto. Ouve-se coisas como: ""Ele manda nesse jogo de imprensa, produzindo fatos com supostas declarações fortes. No governo, não apita nada". Outro lado A Executiva do PSB diz que, na última convenção, o PMDB foi incluído entre os partidos com os quais Luiza Erundina pode articular uma aliança para a eleição de 2000. Desde que isso não signifique mudar o discurso em relação a FHC. Detalhe: a sigla ameaça, nos bastidores, exigir que Quércia não apareça no palanque da candidata. Não desistem nunca O Tribunal Regional Federal indeferiu liminarmente recurso contra despacho que suspendeu a nomeação da juíza classista Rosa Calichio ao Tribunal Regional do Trabalho de SP. Ela havia sido nomeada nas vésperas da votação na Câmara que acabou com a função. O temor real A crise na Aeronáutica vai longe. Brigadeiros, reservadamente, dizem que resistem a abrir mão da Infraero e do DAC porque seria o sucateamento da Aeronáutica e a senha para dispensa de militares. A Infraero seria privatizada. O Departamento de Avião Civil se transformaria numa agência pública. O bolso ""Uma fonte de renda está nesses órgãos", diz um brigadeiro. Exemplo: a Infraero, que cuida da infra-estrutura de aeroportos, recebe pela concessão de espaços para exploração comercial. O dinheiro entra pelo Tesouro e parte substancial vai para o Fundo Aeronáutico. Os contatos O DAC dá status e oportunidade de trabalho a altas patentes da reserva nas empresas aéreas. ""É a luta pela sobrevivência", diz um militar reformado. Balançando Ao mostrar a FHC as fotos de Elcio Alvares (Defesa) constrangido nos jornais de ontem, na cerimônia de anteontem para troca de comando na Aeronáutica, um auxiliar comentou: ""Não vai dar certo". Reação: um muxoxo de concordância. Piada paulistana Em três anos de governo, o prefeito de São Paulo, Celso Pitta, ganhou pelo menos uma. Conseguiu mudar o horário da partida final do Campeonato Brasileiro, ontem, para não atrapalhar o trânsito na cidade. Buscando vacinas Marta Suplicy, que fechou com o marketeiro Augusto Fonseca, deve fazer uma série de pesquisas em janeiro. A candidata do PT à sucessão de Pitta, diz um cacique petista, quer conhecer os seus pontos fracos. Visita à Folha O embaixador José Aparecido de Oliveira, presidente da Fundação Oscar Niemeyer, visitou ontem a Folha. TIROTEIO Do procurador da República André de Carvalho Ramos, sobre a "Lei da Mordaça", em discussão no Congresso, que, além de impedir autoridades de informar sobre investigações, autoriza o Conselho Superior do Ministério Público a abortar um inquérito civil aberto por um promotor ou procurador: - Se já não bastasse a mordaça, o projeto de lei estabelece também as algemas. CONTRAPONTO Aviso aos navegantes Assim que assumiu o governo de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB) pediu que fosse marcada reunião com o secretariado. O governador pretendia dar as diretrizes de cada uma das pastas e orientar os seus titulares para que trabalhassem em conjunto, sem rixas internas. Para tentar vender que a sua administração seria transparente, Lessa fez uma reunião aberta, com a presença de jornalistas. Já no final da reunião, Lessa passou a falar sobre as dificuldades orçamentárias e acabou tocando num assunto constrangedor, em se tratando de uma reunião pública: os salários do secretariado. O governador chegou a citar alguns números. Ninguém entendeu nada. Os secretários se entreolharam. Deram alguns sorrisos amarelos, mas não falaram nada. Até que Lessa chegou aonde queria, provocando gargalhadas entre os jornalistas: - Pois bem, tudo isso para deixar uma coisa bem clara. Quem sair rico da minha administração é porque roubou! Próximo Texto: Governo: Novo chefe da FAB acha orçamento "insuficiente" Índice |
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