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GOVERNO
Baptista diz que decisão do Cade sobre Embraer será respeitada
Novo chefe da FAB acha
orçamento "insuficiente"
da Sucursal de Brasília
O novo comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista, considerou ontem "insuficiente" a proposta orçamentária
da Força para o próximo ano e
disse que acatará a decisão da
AGU e do Cade sobre a venda de
ações da Embraer para empresas
francesas.
Ele foi irônico ao comentar a
possibilidade de a aviação civil
deixar de ser controlada pelos militares, a partir da criação da
Agência Nacional de Aviação Civil: disse que a Aeronáutica considera a aviação civil uma "mulher"
e que tem "ciúme" dela.
"O que nós temos é ciúme, mas
quando a gente encontra um homem bonito a gente passa a mulher. E torce para eles serem felizes. Levamos 50 anos para criar
essa mulher e agora vamos entregá-la. Queremos que seja para um
homem bonito, íntegro e honesto,
que possa cuidar dela tão bem como nós cuidamos", afirmou Baptista.
"A aviação civil e a Embraer
custaram à Força Aérea sangue,
suor e lágrimas", completou.
Orçamento
A proposta orçamentária da Aeronáutica para o próximo ano está em torno de R$ 1 bilhão, segundo o comandante. Para ele, esse
dinheiro é "insuficiente" para o
cumprimento de suas funções.
"Acabei de saber que tivemos
um corte de R$ 22 milhões. Estamos espalhados por todo o território nacional, em regiões onde os
recursos precisam ser um pouco
melhores", afirmou Baptista, para
quem a questão orçamentária é
uma de suas prioridades como
novo comandante da Aeronáutica.
Ele substituiu Walter Bräuer,
demitido após fazer comentários
sobre seu superior, o ministro Elcio Alvares (Defesa), cuja principal assessora é investigada pela
CPI do Narcotráfico (leia texto
abaixo).
"Temos que dar vôo para a aviação de caça e para a patrulha. Temos que colocar tenentes e manter bases espalhadas pelo país. Temos que manter 60 mil homens
em atividade e temos que manter
toda a proteção de vôo funcionando, inclusive a serviço da aviação civil", reclamou o oficial.
Ele disse ainda que o presidente
Fernando Henrique Cardoso e o
ministro Alvares "têm consciência de que a Força Aérea não resiste sem uma aproximação de recursos um pouco melhores".
Baptista defendeu um plano de
investimentos para a Aeronáutica
de US$ 2 bilhões nos próximos 12
anos. "Com isso, colocaremos a
Força Aérea no nível em que todos os brasileiros deveriam querer."
Embraer
Para o novo comandante da
Aeronáutica, a decisão da Advocacia Geral da União e do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica sobre a venda de 20%
das ações da Embraer para empresas francesas deve ser seguida
pelo comando da Força.
Essa decisão só será tomada nos
próximos meses. O Cade está
analisando o impacto da venda
sobre a concorrência desde meados de novembro, e a AGU analisa a legalidade da operação.
"O atual comando da Aeronáutica está tranquilo porque a coisa
está sob a tutela da AGU, do Cade
e do Congresso. O que for decidido será a nossa linha de ação, será
acatado pela Aeronáutica", afirmou.
Ele disse não entender as razões
de um eventual prejuízo do governo brasileiro no caso de empresas francesas passarem a ter
parte do controle acionário da
Embraer.
Hierarquia
O novo comandante da Aeronáutica minimizou a nota de
apoio ao seu antecessor, Walter
Bräuer, divulgada anteontem pelo Alto Comando da FAB (Força
Aérea Brasileira).
"Com relação à hierarquia e à
disciplina, atesto que Bräuer foi
um dos mais zelosos na guarda
desses princípios".
Ele disse que não leu as declarações de Bräuer que provocaram
sua saída. "Não sei, não vi e não
quero ver", afirmou o novo comandante.
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