São Paulo, Quinta-feira, 23 de Dezembro de 1999


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GOVERNO
Baptista diz que decisão do Cade sobre Embraer será respeitada
Novo chefe da FAB acha orçamento "insuficiente"

da Sucursal de Brasília

O novo comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista, considerou ontem "insuficiente" a proposta orçamentária da Força para o próximo ano e disse que acatará a decisão da AGU e do Cade sobre a venda de ações da Embraer para empresas francesas.
Ele foi irônico ao comentar a possibilidade de a aviação civil deixar de ser controlada pelos militares, a partir da criação da Agência Nacional de Aviação Civil: disse que a Aeronáutica considera a aviação civil uma "mulher" e que tem "ciúme" dela.
"O que nós temos é ciúme, mas quando a gente encontra um homem bonito a gente passa a mulher. E torce para eles serem felizes. Levamos 50 anos para criar essa mulher e agora vamos entregá-la. Queremos que seja para um homem bonito, íntegro e honesto, que possa cuidar dela tão bem como nós cuidamos", afirmou Baptista.
"A aviação civil e a Embraer custaram à Força Aérea sangue, suor e lágrimas", completou.

Orçamento
A proposta orçamentária da Aeronáutica para o próximo ano está em torno de R$ 1 bilhão, segundo o comandante. Para ele, esse dinheiro é "insuficiente" para o cumprimento de suas funções.
"Acabei de saber que tivemos um corte de R$ 22 milhões. Estamos espalhados por todo o território nacional, em regiões onde os recursos precisam ser um pouco melhores", afirmou Baptista, para quem a questão orçamentária é uma de suas prioridades como novo comandante da Aeronáutica.
Ele substituiu Walter Bräuer, demitido após fazer comentários sobre seu superior, o ministro Elcio Alvares (Defesa), cuja principal assessora é investigada pela CPI do Narcotráfico (leia texto abaixo).
"Temos que dar vôo para a aviação de caça e para a patrulha. Temos que colocar tenentes e manter bases espalhadas pelo país. Temos que manter 60 mil homens em atividade e temos que manter toda a proteção de vôo funcionando, inclusive a serviço da aviação civil", reclamou o oficial.
Ele disse ainda que o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro Alvares "têm consciência de que a Força Aérea não resiste sem uma aproximação de recursos um pouco melhores".
Baptista defendeu um plano de investimentos para a Aeronáutica de US$ 2 bilhões nos próximos 12 anos. "Com isso, colocaremos a Força Aérea no nível em que todos os brasileiros deveriam querer."

Embraer
Para o novo comandante da Aeronáutica, a decisão da Advocacia Geral da União e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica sobre a venda de 20% das ações da Embraer para empresas francesas deve ser seguida pelo comando da Força.
Essa decisão só será tomada nos próximos meses. O Cade está analisando o impacto da venda sobre a concorrência desde meados de novembro, e a AGU analisa a legalidade da operação.
"O atual comando da Aeronáutica está tranquilo porque a coisa está sob a tutela da AGU, do Cade e do Congresso. O que for decidido será a nossa linha de ação, será acatado pela Aeronáutica", afirmou.
Ele disse não entender as razões de um eventual prejuízo do governo brasileiro no caso de empresas francesas passarem a ter parte do controle acionário da Embraer.

Hierarquia
O novo comandante da Aeronáutica minimizou a nota de apoio ao seu antecessor, Walter Bräuer, divulgada anteontem pelo Alto Comando da FAB (Força Aérea Brasileira).
"Com relação à hierarquia e à disciplina, atesto que Bräuer foi um dos mais zelosos na guarda desses princípios".
Ele disse que não leu as declarações de Bräuer que provocaram sua saída. "Não sei, não vi e não quero ver", afirmou o novo comandante.


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