São Paulo, Quinta-feira, 23 de Dezembro de 1999


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VERBAS PÚBLICAS
Cultura e esportes terão processo de liberação de verbas federais centralizado
Comunicação vai criar dois comitês

ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília

A Secretaria de Comunicação criará dois comitês, um de cultura e outro de esportes, para centralizar o processo de liberação de verbas federais nessas duas áreas. O principal alvo é o cinema, que recebeu cerca de R$ 250 milhões em cinco anos. As verbas das estatais também passarão por esse funil.
A informação é do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Andrea Matarazzo, que almoçou com jornalistas no seu gabinete. Ele era secretário, mas acaba de ser promovido a ministro, numa demonstração do poder que o presidente Fernando Henrique Cardoso pretende conferir à sua pasta.
O orçamento da administração direta para comunicação foi de R$ 77 milhões em 1999 e deverá pular para R$ 93 milhões no ano 2000. Juntas, as administrações direta (ministérios) e indireta (estatais) gastaram em torno de R$ 250 milhões só no financiamento a filmes nacionais, desde 1995.

Cultura
O comitê de cultura da secretaria será integrado pelo próprio Matarazzo e por representantes dos ministérios e das estatais que mais investem na área, como Banco do Brasil, Petrobras, Eletrobrás, Caixa Econômica Federal e Empresa de Correios e Telégrafos. Ainda não há critérios para a escolha, por exemplo, de que tipo de filmes terão prioridade de financiamento. Ele, porém, citou como "bom exemplo" o trabalho da diretora e atriz Carla Camurati, responsável, entre outros, pelos filmes "Pagú" e "Carlota Joaquina": "A Carla Camurati gasta pouco para produzir filmes de qualidade e com alto retorno".
Em relação ao diretor e ator Guilherme Fontes, que conseguiu vultosas verbas oficiais para o filme "Chatô", que acaba de ser concluído, Matarazzo não fez nenhum comentário.
Limitou-se a dizer que o presidente Fernando Henrique Cardoso jamais lhe telefonou para interceder a favor de liberação de verbas para esse ou para qualquer outro filme.
Ontem, por coincidência, havia uma fita de vídeo no gabinete do secretário sobre um novo filme: "Dono do Mar", baseado em livro do senador José Sarney (PMDB-AP), ex-presidente da República.

Esportes
No caso do comitê de esportes, Matarazzo explicou que deve praticamente se limitar a tomar conhecimento de todos os projetos que estão em andamento em órgãos federais, especialmente estatais: "É natural que o acionista majoritário queira saber como as estatais estão gastando o dinheiro", justificou.
Matarazzo disse que a sua secretaria divulgará em 30 dias a regulamentação completa de como os comitês deverão atuar.
Será um desdobramento de um decreto deste mês sobre o funcionamento da secretaria e da medida provisória que o promoveu a ministro.

Popularidade
Matarazzo, que deveria ser ministro das Comunicações no segundo mandato de FHC, mas perdeu a vaga para Pimenta da Veiga, explicou sua recente promoção a ministro de forma direta: "Eu trato principalmente com ministros. O presidente achou por bem igualar meu título ao deles".
Ele defendeu, inclusive, que sejam retomadas as reuniões diárias que ele mantinha com os ministros Pedro Parente (Casa Civil) e Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral da Presidência) até outubro.
Nessas reuniões, eles analisavam o quadro político, as notícias e o "plano de vôo" do governo para cada dia, como deverá voltar a ser a partir de janeiro.
Ele explicou que o presidente FHC vinha recuperando popularidade nas últimas semanas, mas que o monitoramento dessa tendência precisa ser o mais sistemático possível.


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