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VERBAS PÚBLICAS
Cultura e esportes terão processo de liberação de verbas federais centralizado
Comunicação vai criar dois comitês
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
A Secretaria de Comunicação
criará dois comitês, um de cultura e outro de esportes, para centralizar o processo de liberação
de verbas federais nessas duas
áreas. O principal alvo é o cinema, que recebeu cerca de R$ 250
milhões em cinco anos. As verbas das estatais também passarão por esse funil.
A informação é do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Andrea Matarazzo, que almoçou com jornalistas no seu
gabinete. Ele era secretário, mas
acaba de ser promovido a ministro, numa demonstração do poder que o presidente Fernando
Henrique Cardoso pretende
conferir à sua pasta.
O orçamento da administração
direta para comunicação foi de
R$ 77 milhões em 1999 e deverá
pular para R$ 93 milhões no ano
2000. Juntas, as administrações
direta (ministérios) e indireta
(estatais) gastaram em torno de
R$ 250 milhões só no financiamento a filmes nacionais, desde
1995.
Cultura
O comitê de cultura da secretaria será integrado pelo próprio
Matarazzo e por representantes
dos ministérios e das estatais que
mais investem na área, como
Banco do Brasil, Petrobras, Eletrobrás, Caixa Econômica Federal e Empresa de Correios e Telégrafos. Ainda não há critérios para a escolha, por exemplo, de que
tipo de filmes terão prioridade de
financiamento. Ele, porém, citou
como "bom exemplo" o trabalho
da diretora e atriz Carla Camurati, responsável, entre outros, pelos filmes "Pagú" e "Carlota Joaquina": "A Carla Camurati gasta
pouco para produzir filmes de
qualidade e com alto retorno".
Em relação ao diretor e ator
Guilherme Fontes, que conseguiu vultosas verbas oficiais para
o filme "Chatô", que acaba de ser
concluído, Matarazzo não fez nenhum comentário.
Limitou-se a dizer que o presidente Fernando Henrique Cardoso jamais lhe telefonou para
interceder a favor de liberação de
verbas para esse ou para qualquer outro filme.
Ontem, por coincidência, havia
uma fita de vídeo no gabinete do
secretário sobre um novo filme:
"Dono do Mar", baseado em livro do senador José Sarney
(PMDB-AP), ex-presidente da
República.
Esportes
No caso do comitê de esportes,
Matarazzo explicou que deve
praticamente se limitar a tomar
conhecimento de todos os projetos que estão em andamento em
órgãos federais, especialmente
estatais: "É natural que o acionista majoritário queira saber como
as estatais estão gastando o dinheiro", justificou.
Matarazzo disse que a sua secretaria divulgará em 30 dias a
regulamentação completa de como os comitês deverão atuar.
Será um desdobramento de
um decreto deste mês sobre o
funcionamento da secretaria e da
medida provisória que o promoveu a ministro.
Popularidade
Matarazzo, que deveria ser ministro das Comunicações no segundo mandato de FHC, mas
perdeu a vaga para Pimenta da
Veiga, explicou sua recente promoção a ministro de forma direta: "Eu trato principalmente com
ministros. O presidente achou
por bem igualar meu título ao
deles".
Ele defendeu, inclusive, que sejam retomadas as reuniões diárias que ele mantinha com os ministros Pedro Parente (Casa Civil) e Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral da Presidência) até
outubro.
Nessas reuniões, eles analisavam o quadro político, as notícias e o "plano de vôo" do governo para cada dia, como deverá
voltar a ser a partir de janeiro.
Ele explicou que o presidente
FHC vinha recuperando popularidade nas últimas semanas, mas
que o monitoramento dessa tendência precisa ser o mais sistemático possível.
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