São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 2006

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Aumento salarial é desfaçatez, diz d. Geraldo

Presidente da CNBB conclama fiéis a irem às ruas protestar contra pretensão de reajuste para congressistas

MANUELA MARTINEZ
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Geraldo Majella Agnelo, disse ontem que a proposta de reajuste salarial de 91% para os parlamentares é uma "desfaçatez". Conclamou ainda os fiéis para irem às ruas protestar contra a medida.
"Os padres devem fazer pregações nas missas [contra o aumento] e a população precisa ir à rua, pacificamente. Com muita pressão, os parlamentares vão recuar porque esse aumento é absurdo." O cardeal arcebispo de Salvador disse que os atuais parlamentares formam a pior legislatura da história.
"Esses deputados não merecem [reajuste]. Esse é um dos piores ou o pior Congresso da história do Brasil. Nunca se viu tanta denúncia de corrupção, tanta vergonha em um ano só."
D. Geraldo aproveitou a mensagem de Natal da CNBB para comparar o comportamento dos políticos em relação ao salário mínimo -R$ 380 a partir de abril de 2007. "Para dar R$ 1 de aumento no salário mínimo, os deputados fazem muitas contas. Quando o reajuste é em benefício próprio, tudo é permitido."
Segundo d. Geraldo, assim como o Legislativo, o Judiciário precisa de uma "correção salarial" para baixo. "Todos precisam ter seus salários reduzidos porque temos de diminuir o fosso entre os poucos que ganham muito e os muitos que não ganham quase nada."
Na entrevista concedida ontem em Salvador, d. Geraldo cobrou uma "profunda renovação" na política brasileira. Ele também criticou o processo de concessão de aposentadoria a políticos eleitos. "Um trabalhador comum precisa de 30, 35 anos para se aposentar. Um político consegue a aposentadoria apenas com um mandato."


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