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Lula quer obra no rio São Francisco "irreversível" até 2010
Orientação do governo é acelerar trabalhos de transposição; cronograma não foi alterado nem mesmo quando houve negociação para fim do jejum de d. Luiz
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo nos momentos em
que se dispôs a negociar o fim
da greve de fome do bispo de
Barra, d. Luiz Cappio, o governo manteve intocados os planos do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva de inaugurar até o
final do mandato os primeiros
220 km de canais de concreto
que levarão uma parcela das
águas do rio São Francisco para
o agreste pernambucano.
A meta do governo é deixar
"irreversível", até 2010, a conclusão dos demais 440 quilômetros de canais previstos no
projeto e que atenderão parte
dos Estados do Ceará, Paraíba e
Rio Grande do Norte. Para
cumprir o cronograma, a orientação do Ministério da Integração Nacional é acelerar os trabalhos. O principal obstáculo
identificado é a disputa entre
empresários pelo negócio de
mais de R$ 3 bilhões.
"O presidente Lula precisa
inaugurar o eixo Leste e deixar
pelo menos 50% do eixo Norte
feito, para tornar o projeto irreversível. A ordem é apertar a
obra", disse João Santana, secretário de Recursos Hídricos e
coordenador do projeto. "Temos um cronograma a cumprir", afirmou o ministro Geddel Vieira Lima, o primeiro a
descartar a paralisação ainda
que temporária do projeto.
Para evitar atrasos, Geddel
investia, naquela altura, para
conter disputa entre as 26 empresas ou consórcios que disputam contratos da maior obra
do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) financiada com dinheiro de impostos.
Em seminário promovido pela
Abdib (Associação Brasileira de
Infra-estrutura e Indústrias de
Base), Geddel pediu aos empresários que evitassem disputa na
Justiça pelos 14 lotes de obras
entregues à iniciativa privada.
Justiça
A disputa na Justiça atrasou
em quase três meses o anúncio
do vencedor do primeiro lote, o
consórcio Construtor Águas de
São Francisco, formado pelas
empreiteiras Carioca, S.A. Paulista e Serveng. Por orientação
do TCU (Tribunal de Contas da
União), o governo só pode analisar as propostas das empresas
concorrentes para um novo lote quando encerrar pendências
em relação ao lote anterior.
"Há oportunidade de obras
para todos, eles [empresários]
não deveriam criar problemas",
disse João Santana. Ele pretende concluir a licitação dos 14 lotes até outubro de 2008.
Na semana passada, a Folha
procurou ouvir os três grupos
ou empresas que disputaram o
primeiro lote. O consórcio vencedor classificou de "importante" a obra. A Odebrecht não se
manifestou. Afastado da disputa pelo ministério, o consórcio
liderado pela Encalso anunciou que vai recorrer do resultado. "Essa obra é um marco
histórico", afirmou o diretor
comercial Vandersi Marim.
Na avaliação do Ministério
da Integração, os atrasos provocados por processos até aqui
ainda podem ser superados nos
próximos anos. Desde julho, o
Exército avançou cerca de 20%
do canal de aproximação na cidade de Cabrobó e 11% do canal
de aproximação na cidade de
Floresta (PE). Dois batalhões
de engenharia são responsáveis pelas obras nos dois pontos de captação das águas e pela
construção das duas primeiras
barragens, de Tucutu e Areia. A
partir desses pontos, a obra seguirá com empresas privadas.
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