São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2007

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Lula quer obra no rio São Francisco "irreversível" até 2010

Orientação do governo é acelerar trabalhos de transposição; cronograma não foi alterado nem mesmo quando houve negociação para fim do jejum de d. Luiz

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo nos momentos em que se dispôs a negociar o fim da greve de fome do bispo de Barra, d. Luiz Cappio, o governo manteve intocados os planos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de inaugurar até o final do mandato os primeiros 220 km de canais de concreto que levarão uma parcela das águas do rio São Francisco para o agreste pernambucano.
A meta do governo é deixar "irreversível", até 2010, a conclusão dos demais 440 quilômetros de canais previstos no projeto e que atenderão parte dos Estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Para cumprir o cronograma, a orientação do Ministério da Integração Nacional é acelerar os trabalhos. O principal obstáculo identificado é a disputa entre empresários pelo negócio de mais de R$ 3 bilhões.
"O presidente Lula precisa inaugurar o eixo Leste e deixar pelo menos 50% do eixo Norte feito, para tornar o projeto irreversível. A ordem é apertar a obra", disse João Santana, secretário de Recursos Hídricos e coordenador do projeto. "Temos um cronograma a cumprir", afirmou o ministro Geddel Vieira Lima, o primeiro a descartar a paralisação ainda que temporária do projeto.
Para evitar atrasos, Geddel investia, naquela altura, para conter disputa entre as 26 empresas ou consórcios que disputam contratos da maior obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) financiada com dinheiro de impostos. Em seminário promovido pela Abdib (Associação Brasileira de Infra-estrutura e Indústrias de Base), Geddel pediu aos empresários que evitassem disputa na Justiça pelos 14 lotes de obras entregues à iniciativa privada.

Justiça
A disputa na Justiça atrasou em quase três meses o anúncio do vencedor do primeiro lote, o consórcio Construtor Águas de São Francisco, formado pelas empreiteiras Carioca, S.A. Paulista e Serveng. Por orientação do TCU (Tribunal de Contas da União), o governo só pode analisar as propostas das empresas concorrentes para um novo lote quando encerrar pendências em relação ao lote anterior.
"Há oportunidade de obras para todos, eles [empresários] não deveriam criar problemas", disse João Santana. Ele pretende concluir a licitação dos 14 lotes até outubro de 2008.
Na semana passada, a Folha procurou ouvir os três grupos ou empresas que disputaram o primeiro lote. O consórcio vencedor classificou de "importante" a obra. A Odebrecht não se manifestou. Afastado da disputa pelo ministério, o consórcio liderado pela Encalso anunciou que vai recorrer do resultado. "Essa obra é um marco histórico", afirmou o diretor comercial Vandersi Marim.
Na avaliação do Ministério da Integração, os atrasos provocados por processos até aqui ainda podem ser superados nos próximos anos. Desde julho, o Exército avançou cerca de 20% do canal de aproximação na cidade de Cabrobó e 11% do canal de aproximação na cidade de Floresta (PE). Dois batalhões de engenharia são responsáveis pelas obras nos dois pontos de captação das águas e pela construção das duas primeiras barragens, de Tucutu e Areia. A partir desses pontos, a obra seguirá com empresas privadas.


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