São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

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Brasil e França farão 5 submarinos e 50 helicópteros, diz Jobim

Acordo militar, que será assinado hoje, prevê transferência de tecnologia; orçamento dos submarinos não foi fechado -o dos helicópteros é de 1,899 bi de euros

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, detalhou ontem o acordo militar com a França, que será fechado entre os dois países hoje, segundo o qual serão construídos cinco submarinos no país -quatro convencionais e um a propulsão nuclear- e 50 helicópteros. Nos dois casos, haverá transferência de tecnologia (veja quadro abaixo).
Segundo Jobim, o acordo dos helicópteros já está orçado em 1,899 bilhão (cerca de R$ 6,335 bilhões). O preço varia de acordo com o equipamento militar adicionado. Todos, do modelo 725 da Eurocopter, serão montados no país pela Helibras e com participação de fornecedores brasileiros. As primeiras unidades serão entregues no segundo semestre de 2010.
A transferência de tecnologia foi um ponto-chave para fechar o acordo. Segundo um especialista da área na Marinha, embora o EC 725 seja considerado um ótimo helicóptero, há aeronaves americanas superiores -mas os EUA não transferem know-how. As Forças Armadas já têm versão anterior da Eurocopter, comprada no fim da década de 1980.
"O que é fundamental é que parte substancial da eletrônica será feita no Brasil. Esse é um assunto encerrado, acordado e será assinado o contrato, que começará a vigorar após o financiamento, que foi proposto pelos franceses", disse Jobim.
No caso dos submarinos, toda a parte política já foi fechada, segundo Jobim. Falta só definir os valores. A França concederá o financiamento e instalará um estaleiro em Itaguaí (Baixada Fluminense), onde serão feitas as embarcações.
Toda a estrutura dos submarinos ficará a cargo da francesa DCNS, construtora especializada nesse tipo de obra. Já a propulsão nuclear caberá à Marinha brasileira, que já possui a tecnologia. O submarino de propulsão nuclear tem previsão de estar pronto em 2024.
Para Jobim, a decisão de firmar o acordo com a França se baseou sobretudo na possibilidade de absorver tecnologia, o que não estava previsto nas tratativas com outros países.
"Uma coisa era o Brasil comprar um submarino pronto. Outra coisa é nós construirmos. Isso cria uma tecnologia imensa e tem geração de emprego em torno disso. Basta ver a questão dos helicópteros, que vai determinar uma expansão enorme da Helibras, que terá aumento de 100 para 500 empregos e mais 5.000 indiretos."
Ele ressaltou que o estaleiro será operado por uma empresa a ser criada entre a Marinha brasileira e empreendedores privados, mas pertencerá ao Brasil após 20 anos de uso.
Jobim disse ainda que estão em estudo mais três acordos com a França na área militar: um para desenvolvimento do novo modelo de combate e treinamento de tropas do país, outro para a construção de caças e um terceiro para o monitoramento de todo território terrestre e marítimo brasileiro. (PEDRO SOARES E RAPHAEL GOMIDE)


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