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Medida reforça ideia de impunidade, diz Tarso
Para ministro, paralisação de processo da Satiagraha intensifica senso comum de que poderosos não vão para a cadeia
Delegado que comandou começo das investigações, Protógenes diz que decisão mostra que Judiciário não funciona para elite corrupta
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Tarso
Genro, afirmou ontem que a
decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de suspender
o processo da Operação Satiagraha "reflete um senso comum" de "que poderosos dificilmente vão para a cadeia" e de
que ricos "são protegidos pelo
Poder Judiciário".
O principal alvo da Satiagraha, deflagrada em julho de
2008 pela Polícia Federal, é o
banqueiro Daniel Dantas, acusado principalmente de crimes
financeiros. Ele foi condenado
no fim de 2008 a dez anos de
prisão sob a acusação de tentativa de suborno.
"Temos que acabar com esse
sentimento de impunidade",
disse Tarso. Segundo ele, o caminho para tanto é uma reforma no processo penal.
Apesar das críticas, Tarso
evitou atacar a decisão do STJ.
"Não é nenhum demérito para
quem decidiu. Até porque os
ministros são conscientes."
Na sexta-feira, o ministro Arnaldo Esteves Lima, do STJ,
suspendeu o processo até o tribunal decidir se o juiz do caso
Satiagraha, Fausto Martin de
Sanctis, da 6º Vara Criminal
Federal de São Paulo, é ou não
suspeito na condução da ação.
Além de dizer que De Sanctis
persegue Dantas, a defesa do
banqueiro critica os procedimentos do delegado da PF Protógenes Queiroz, que conduziu
a primeira fase da operação e
prendeu Dantas em 2008.
Ontem, Tarso defendeu a PF
sem citar Protógenes. "Não
tem nada a ver com a Polícia
Federal efetivamente. Trata-se
um corretivo feito ao juiz De
Sanctis, que obviamente não
entro no mérito", afirmou.
No fim do ano passado, porém, Tarso condenou a "espetacularização" da prisão de
Dantas, dizendo que que isso
havia causado "problema técnico" para o inquérito.
Desgastado com as críticas à
sua atuação e também por ter
envolvido arapongas na investigação, Protógenes saiu do caso. Depois, foi suspenso da PF
acusado de participar de atividades políticas. O delegado Ricardo Saadi assumiu as investigações da Satiagraha.
Ontem, Protógenes afirmou
que há uma subversão dos valores. "O Judiciário só funciona
na hora de punir 99,9%. Para o
restante, a elite corrupta, não
funciona."
Segundo ele, isso vem se
agravando. "Basta ver quantos
delegados, juízes, membros do
Ministério Público foram afastados de suas atividades por
atuar contra a elite corrupta. É
uma legião que sofreu a violência do Estado", declarou.
A assessoria do Superior Tribunal de Justiça informou ontem que seus ministros estão
em férias.
Colaborou a Reportagem Local
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