São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2004

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"Era impossível manter discurso"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao anunciar a reforma ministerial e o "reencontro" com o PMDB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que era "humanamente impossível" o PT ter chegado ao governo federal e, ao mesmo tempo, manter os discursos de quando era oposição.
"Tinha gente que gostaria que o PT viesse para o governo e continuasse sendo oposição ao próprio PT. Tinha gente que entendia que o PT, chegando ao governo, deveria ter o mesmo discurso que tinha antes. Era humanamente impossível", afirmou. De acordo com o presidente, o partido teve de aprender a ultrapassar da fase do "eu acho" para a do "eu faço".
"Ou nós compreendemos isso [que a sociedade é mais heterogênea do que um partido político] e nos articulamos pra sair da fase do eu acho para entrar na fase do eu faço, e fazemos, ou nós não governamos uma cidade, não governamos um Estado e muito mais um país do tamanho do Brasil."
Sobre a entrada do PMDB em dois ministérios (Comunicações e Previdência), o presidente Lula falou em "entrosamento".
Se dirigindo aos peemedebistas presentes no Palácio do Planalto, como o presidente da legenda, Michel Temer (SP), e o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), Lula disse que "o reencontro do PT com o PMDB é mais do que uma aliança política".
Segundo o presidente, todos os petistas históricos algum dia já integraram, "com orgulho", o PMDB. "As circunstâncias políticas fizeram com que cada um fosse para um partido político. E nos reencontramos agora", afirmou.
Lula justificou o convite ao PMDB: "Chegamos a essa política porque compreendeu o PT a necessidade de ter o PMDB como partido participante da sua base de sustentação. E compreendeu o PMDB que pela sua própria história não poderia negar ao governo a sustentação necessária para que nós pudéssemos aprovar as reformas que precisamos aprovar."

Maré revolta
O presidente aproveitou para elogiar o primeiro ano de seu governo, dizendo que não ocorreram "falhas". "Podem estar certos que se nós não falhamos nos primeiros 12 meses, onde a maré estava revolta e o casco do barco não estava tão seguro, podem estar certo que este ano será infinitamente melhor, o ano que vem será infinitamente melhor do que este ano, e 2006 será infinitamente melhor do que 2005." Lula disse que pretende terminar seu mandato, sem citar o ano, com a certeza de que cumpriu o que prometeu durante a campanha eleitoral.
"Quero, ao terminar meu mandato, poder voltar onde eu nasci, não em Caetés [PE], mas nas portas das fábricas da política." (EDUARDO SCOLESE E WILSON SILVEIRA)

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