São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2004

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DANÇA DOS MINISTROS

Senador do PMDB, que vai para a Previdência, era o único que não tinha alguma espécie de veto

Presidente escolheu Lando por exclusão

RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na falta de consenso na bancada do PMDB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu por exclusão o novo ministro da Previdência: o senador Amir Lando.
A decisão causou surpresa na reforma ministerial. Eleito por Rondônia, Lando, 59, foi o relator da CPI que levou ao afastamento do ex-presidente Fernando Collor de Mello. O peemedebista assume o posto de Ricardo Berzoini, deslocado para a pasta do Trabalho.
O próprio Lando não fazia muita fé na sua indicação. Ele chegou a pensar em riscar o seu nome de uma lista de seis senadores entregue pelo PMDB, que delegou a Lula a escolha. Deixou por raciocinar que não ficaria bem para o líder do governo no Congresso, cargo que ocupava até ontem, se excluir de uma relação de candidatos a ministro do partido.
Desde a véspera, o Planalto emitira sinais de que o escolhido poderia ser Lando, ao deixar vazar que ele seria uma das opções para o Ministério do Trabalho, na hipótese de Berzoini ser mantido na Previdência. Mas na reunião da bancada para escolher o nome, realizada ontem no Senado, outros quatro senadores se engalfinharam pela indicação. De início, Garibaldi Alves (RN), até então favorito, pediu para ter seu nome retirado da lista. Sérgio Cabral (RJ) exigiu ser colocado, assim como Romero Jucá (RR). Outros candidatos eram Maguito Vilela (GO) e José Maranhão (PB).
Todos tinham alguma espécie de veto. Jucá foi líder do governo passado, Maguito tinha restrições de Renan Calheiros (AL), líder da bancada, e de José Sarney (AP), presidente do Senado. Cabral votou contra a reforma da Previdência e José Maranhão está em oposição ao governo. Sobrava Lando.
A escolha foi interpretada também como um ""afago" de Lula em seu líder do governo no Congresso, que andava ""magoado" com seu esvaziamento e com os rumores de que perderia a função.

Preferência
O nome preferido de Sarney era o de Garibaldi Alves (RN), que recusou previamente ocupar a Previdência. Com sua renúncia, Maguito ganhou apoio dos colegas do Nordeste e passou a ser o nome mais forte na bancada.
A insatisfação de Sarney com a oferta da Previdência ficou clara na reunião. Ele fez um desabafo, lamentando ter se afastado das negociações nos últimos dias por causa da morte de sua mãe. Disse que, se tivesse interferido mais, talvez trocasse a Previdência por uma pasta atraente politicamente.
Senadores calculam que Maguito teria 8 votos entre os 15 senadores que participaram da reunião. Renan disse que só faria a eleição se houvesse consenso. Não houve. Sérgio Cabral (RJ) e Romero Jucá (RR) insistiram em manter seus nomes na lista de candidatos.
Ney Suassuna (PB) disse que havia três opções: eleição de um nome, escolha de lista tríplice ou sêxtupla ou levar ao presidente a relação completa da bancada.
Houve troca de olhares entre Renan e Sarney, que orientou: "Fica com a relação de todos".

Berzoini
Mesmo afirmando que não ficou magoado com a saída da Previdência, o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, disse que gostaria de aprofundar e concluir seu trabalho à frente da pasta.
"Minha relação com a Previdência já era muito forte antes e se aprofundou mais. É claro que o trabalho que a gente faz a gente quer aprofundar e concluir."


Colaborou JULIANNA SOFIA, da Sucursal de Brasília


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