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DANÇA DOS MINISTROS
Senador do PMDB, que vai para a Previdência, era o único que não tinha alguma espécie de veto
Presidente escolheu Lando por exclusão
RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na falta de consenso na bancada
do PMDB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu por exclusão o novo ministro da Previdência: o senador Amir Lando.
A decisão causou surpresa na
reforma ministerial. Eleito por
Rondônia, Lando, 59, foi o relator
da CPI que levou ao afastamento
do ex-presidente Fernando Collor
de Mello. O peemedebista assume
o posto de Ricardo Berzoini, deslocado para a pasta do Trabalho.
O próprio Lando não fazia muita fé na sua indicação. Ele chegou
a pensar em riscar o seu nome de
uma lista de seis senadores entregue pelo PMDB, que delegou a
Lula a escolha. Deixou por raciocinar que não ficaria bem para o
líder do governo no Congresso,
cargo que ocupava até ontem, se
excluir de uma relação de candidatos a ministro do partido.
Desde a véspera, o Planalto emitira sinais de que o escolhido poderia ser Lando, ao deixar vazar
que ele seria uma das opções para
o Ministério do Trabalho, na hipótese de Berzoini ser mantido na
Previdência. Mas na reunião da
bancada para escolher o nome,
realizada ontem no Senado, outros quatro senadores se engalfinharam pela indicação. De início,
Garibaldi Alves (RN), até então
favorito, pediu para ter seu nome
retirado da lista. Sérgio Cabral
(RJ) exigiu ser colocado, assim
como Romero Jucá (RR). Outros
candidatos eram Maguito Vilela
(GO) e José Maranhão (PB).
Todos tinham alguma espécie
de veto. Jucá foi líder do governo
passado, Maguito tinha restrições
de Renan Calheiros (AL), líder da
bancada, e de José Sarney (AP),
presidente do Senado. Cabral votou contra a reforma da Previdência e José Maranhão está em oposição ao governo. Sobrava Lando.
A escolha foi interpretada também como um ""afago" de Lula em
seu líder do governo no Congresso, que andava ""magoado" com
seu esvaziamento e com os rumores de que perderia a função.
Preferência
O nome preferido de Sarney era
o de Garibaldi Alves (RN), que recusou previamente ocupar a Previdência. Com sua renúncia, Maguito ganhou apoio dos colegas
do Nordeste e passou a ser o nome mais forte na bancada.
A insatisfação de Sarney com a
oferta da Previdência ficou clara
na reunião. Ele fez um desabafo,
lamentando ter se afastado das
negociações nos últimos dias por
causa da morte de sua mãe. Disse
que, se tivesse interferido mais,
talvez trocasse a Previdência por
uma pasta atraente politicamente.
Senadores calculam que Maguito teria 8 votos entre os 15 senadores que participaram da reunião.
Renan disse que só faria a eleição
se houvesse consenso. Não houve.
Sérgio Cabral (RJ) e Romero Jucá
(RR) insistiram em manter seus
nomes na lista de candidatos.
Ney Suassuna (PB) disse que
havia três opções: eleição de um
nome, escolha de lista tríplice ou
sêxtupla ou levar ao presidente a
relação completa da bancada.
Houve troca de olhares entre
Renan e Sarney, que orientou:
"Fica com a relação de todos".
Berzoini
Mesmo afirmando que não ficou magoado com a saída da Previdência, o ministro do Trabalho,
Ricardo Berzoini, disse que gostaria de aprofundar e concluir seu
trabalho à frente da pasta.
"Minha relação com a Previdência já era muito forte antes e se
aprofundou mais. É claro que o
trabalho que a gente faz a gente
quer aprofundar e concluir."
Colaborou JULIANNA SOFIA, da Sucursal de Brasília
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