São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Prefeito de São Paulo aumenta tom das críticas, diz que presidente faz uso eleitoral da máquina pública e o compara a Maluf

Serra acusa Lula de exaltar ignorância

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), afirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz a "pregação das excelências da ignorância". Subindo o tom dos ataques ao governo federal, Serra, cotado para disputar a presidência da República, acusou Lula de fazer uso eleitoral da máquina pública e o comparou ao ex-governador Paulo Maluf (SP).
Serra deu as declarações depois de visitar as obras do corredor expresso Tiradentes, que ligará o centro à zona leste de São Paulo.
"[Lula] está se excedendo na utilização da máquina pública para campanha eleitoral. E nem sempre emitindo os melhores conceitos. Por exemplo, outro dia ele disse que não queria fazer concurso público para agente sanitário, mata-mosquito, no Rio, porque o concurso favorecerá aqueles que estão melhor preparados. Ou seja, ele faz uma pregação das excelências da ignorância, do não-estudo", afirmou.
"Não pode um presidente da República dizer que não quer fazer concurso porque num concurso passam as pessoas mais preparadas. É um desestímulo a que a nossa população estude e se prepare", disse o prefeito.
Na sexta passada, em Queimados, na Baixada Fluminense, Lula disse a uma platéia de mata-mosquitos ameaçados de dispensa por uma ação do Ministério Público: "Fazer concurso significa que um mais letrado, que não é mata-mosquito, vai passar no lugar de alguém já mata-mosquito. Apesar de o concurso ser transparente, democrático e justo, sabemos que muitos não tiveram a chance de estudar como outros".
Nas eleições de 2002, Serra acusou os mata-mosquitos de atuarem como cabos eleitorais de Lula. Durante a campanha, sempre que tinha agenda no Rio, Serra tinha que lidar com protestos dos mata-mosquitos, que foram demitidos em 1999 quando ele chefiava o Ministério da Saúde.
De acordo com o ministério, apenas 2.000 dos 8.000 mata-mosquitos trabalhavam efetivamente, e o restante foi dispensado. Em 2002, os mata-mosquitos culparam Serra pela epidemia de dengue que estourou naquele ano e lhe deram apelidos como "presidengue" e "doutor morte".
Ontem, Serra voltou a criticar o suposto uso da máquina pública para campanha eleitoral. "[Fazem] inclusive propagandas, como pegar dinheiro do FAT, Fundo de Amparo ao Trabalhador, um fundo público, e dizer que é o governo federal que está gastando", afirmou.
"Daqui a pouco [o Lula] vai parecer o Maluf, dizer que fez as marginais, que fez a [avenida] Faria Lima. Vai se apresentar como o dono de tudo. Daqui a pouco, como o Fernando Henrique disse uma vez, vai dizer que descobriu o Brasil no lugar do Pedro Álvares Cabral", completou o prefeito.
Amanhã, Serra será entrevistado no "Programa do Ratinho", do SBT, onde responderá a perguntas dos telespectadores. Em 2001, Ratinho foi um dos 15 apresentadores de TV ou rádio que receberam o ministro, alavancando sua campanha. No ano seguinte, Ratinho entrevistou Serra por 31 minutos a quatro dias das eleições.


Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/Hora das cassações: Parecer pede cassação de presidente do PP
Próximo Texto: "Eu sou baiano", afirma Alckmin
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.