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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Prefeito de São Paulo aumenta tom das críticas, diz que presidente faz uso eleitoral da máquina pública e o compara a Maluf
Serra acusa Lula de exaltar ignorância
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, José
Serra (PSDB), afirmou ontem que
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva faz a "pregação das excelências da ignorância". Subindo o
tom dos ataques ao governo federal, Serra, cotado para disputar a
presidência da República, acusou
Lula de fazer uso eleitoral da máquina pública e o comparou ao
ex-governador Paulo Maluf (SP).
Serra deu as declarações depois
de visitar as obras do corredor expresso Tiradentes, que ligará o
centro à zona leste de São Paulo.
"[Lula] está se excedendo na
utilização da máquina pública para campanha eleitoral. E nem
sempre emitindo os melhores
conceitos. Por exemplo, outro dia
ele disse que não queria fazer concurso público para agente sanitário, mata-mosquito, no Rio, porque o concurso favorecerá aqueles que estão melhor preparados.
Ou seja, ele faz uma pregação das
excelências da ignorância, do
não-estudo", afirmou.
"Não pode um presidente da
República dizer que não quer fazer concurso porque num concurso passam as pessoas mais
preparadas. É um desestímulo a
que a nossa população estude e se
prepare", disse o prefeito.
Na sexta passada, em Queimados, na Baixada Fluminense, Lula
disse a uma platéia de mata-mosquitos ameaçados de dispensa
por uma ação do Ministério Público: "Fazer concurso significa
que um mais letrado, que não é
mata-mosquito, vai passar no lugar de alguém já mata-mosquito.
Apesar de o concurso ser transparente, democrático e justo, sabemos que muitos não tiveram a
chance de estudar como outros".
Nas eleições de 2002, Serra acusou os mata-mosquitos de atuarem como cabos eleitorais de Lula. Durante a campanha, sempre
que tinha agenda no Rio, Serra tinha que lidar com protestos dos
mata-mosquitos, que foram demitidos em 1999 quando ele chefiava o Ministério da Saúde.
De acordo com o ministério,
apenas 2.000 dos 8.000 mata-mosquitos trabalhavam efetivamente, e o restante foi dispensado. Em 2002, os mata-mosquitos
culparam Serra pela epidemia de
dengue que estourou naquele ano
e lhe deram apelidos como "presidengue" e "doutor morte".
Ontem, Serra voltou a criticar o
suposto uso da máquina pública
para campanha eleitoral. "[Fazem] inclusive propagandas, como pegar dinheiro do FAT, Fundo de Amparo ao Trabalhador,
um fundo público, e dizer que é o
governo federal que está gastando", afirmou.
"Daqui a pouco [o Lula] vai parecer o Maluf, dizer que fez as
marginais, que fez a [avenida] Faria Lima. Vai se apresentar como
o dono de tudo. Daqui a pouco,
como o Fernando Henrique disse
uma vez, vai dizer que descobriu o
Brasil no lugar do Pedro Álvares
Cabral", completou o prefeito.
Amanhã, Serra será entrevistado no "Programa do Ratinho", do
SBT, onde responderá a perguntas dos telespectadores. Em 2001,
Ratinho foi um dos 15 apresentadores de TV ou rádio que receberam o ministro, alavancando sua
campanha. No ano seguinte, Ratinho entrevistou Serra por 31 minutos a quatro dias das eleições.
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