São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 2006

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CAMPO MINADO

MST critica ministério

Lista de assentados será divulgada pela internet

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, informou ontem que, das 127 mil famílias que o governo Lula disse ter assentado no programa de reforma agrária em 2005, 56 mil (ou 44% do total) foram instaladas em projetos de assentamento criados antes de 2005.
Rossetto não divulgou, durante a entrevista coletiva, em que anos foram criados tais assentamentos que receberam famílias em 2005 -se são da gestão Lula ou do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O ministro também não divulgou quantas dessas famílias foram colocadas em lotes abandonados.
O presidente do Incra prometeu colocar hoje, na página do órgão na internet (www.incra.gov.br), a relação integral de todos os beneficiários de 2005, com número de RG e nome completo. Mas não haverá acesso ao ano de criação do projeto de assentamento.
Rossetto reconheceu que parte do total de famílias atendidas -não disse quantas- pode estar morando ainda em barracos de lona. "Existem lideranças que dizem que só é possível reconhecer um assentamento quando essa família dispõe de casa e energia elétrica, por exemplo. Nós não trabalhamos com este conceito. Perseguimos essa condição, mas o conceito nosso é claro: é quando um cidadão brasileiro sem terra passa a ter terra."
Rossetto afirmou que o simples direito de ter "acesso à terra" (quando a família passa a integrar uma relação de beneficiários) torna uma família "assentada".
O Incra e o ministério também não divulgaram quantas das 71 mil famílias assentadas em 2005 foram instaladas em projetos de assentamento criados após desapropriação ou aquisição de terras. Segundo um documento do Incra obtido pela Folha, são 26 mil famílias.
Para a Cnasi (Confederação Nacional dos Servidores do Incra) e movimentos sociais, como o MST, esse é o dado que revela o "ganho real" da reforma agrária em determinado período de tempo. São novas terras incorporadas à União.
A coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) divulgou ontem nota em que classifica de "distorcidos e inflados" os números do balanço apresentado. A entidade criticou a inclusão nas estatísticas oficiais de dados de "reordenamento de assentamentos em terras públicas".
(RUBENS VALENTE)

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