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CAMPO MINADO
MST critica ministério
Lista de assentados será divulgada pela internet
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, informou ontem que, das 127 mil
famílias que o governo Lula disse
ter assentado no programa de reforma agrária em 2005, 56 mil (ou
44% do total) foram instaladas
em projetos de assentamento
criados antes de 2005.
Rossetto não divulgou, durante
a entrevista coletiva, em que anos
foram criados tais assentamentos
que receberam famílias em 2005
-se são da gestão Lula ou do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O ministro também não divulgou quantas dessas
famílias foram colocadas em lotes
abandonados.
O presidente do Incra prometeu
colocar hoje, na página do órgão
na internet (www.incra.gov.br), a
relação integral de todos os beneficiários de 2005, com número de
RG e nome completo. Mas não
haverá acesso ao ano de criação
do projeto de assentamento.
Rossetto reconheceu que parte
do total de famílias atendidas
-não disse quantas- pode estar
morando ainda em barracos de
lona. "Existem lideranças que dizem que só é possível reconhecer
um assentamento quando essa família dispõe de casa e energia elétrica, por exemplo. Nós não trabalhamos com este conceito. Perseguimos essa condição, mas o
conceito nosso é claro: é quando
um cidadão brasileiro sem terra
passa a ter terra."
Rossetto afirmou que o simples
direito de ter "acesso à terra"
(quando a família passa a integrar
uma relação de beneficiários) torna uma família "assentada".
O Incra e o ministério também
não divulgaram quantas das 71
mil famílias assentadas em 2005
foram instaladas em projetos de
assentamento criados após desapropriação ou aquisição de terras.
Segundo um documento do Incra
obtido pela Folha, são 26 mil famílias.
Para a Cnasi (Confederação Nacional dos Servidores do Incra) e
movimentos sociais, como o
MST, esse é o dado que revela o
"ganho real" da reforma agrária
em determinado período de tempo. São novas terras incorporadas
à União.
A coordenação nacional do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) divulgou
ontem nota em que classifica de
"distorcidos e inflados" os números do balanço apresentado. A entidade criticou a inclusão nas estatísticas oficiais de dados de
"reordenamento de assentamentos em terras públicas".
(RUBENS VALENTE)
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