São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 2006

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Revista nega ter beneficiado Garotinho

DA REDAÇÃO

A revista "IstoÉ" afirmou ontem que pagou pesquisa encomendada ao Ibope sobre as eleições presidenciais e negou que a avaliação do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB), incluída no levantamento, tenha sido feita para beneficiar o pré-candidato.
A Editora Três, que edita a "IstoÉ", pediu que o Ibope fizesse questionamentos específicos para avaliar a opinião dos eleitores a respeito de Garotinho, mas não divulgou os resultados desse levantamento nem das intenções de voto para o segundo turno das eleições presidenciais.
De acordo com o jornalista Mário Simas Filho, redator-chefe da "IstoÉ", a pesquisa foi "contratada, faturada e paga pela Editora Três". A avaliação de Garotinho, disse ele, foi encomendada para fundamentar questões que serão feitas ao ex-governador no ciclo de entrevistas que a revista pretende fazer com os candidatos.
"Essa pesquisa não foi feita para divulgação, mas para consulta interna de nossa redação. A exemplo do que fizemos na última eleição presidencial, uma vez definidos os candidatos, promoveremos uma série de entrevistas com todos eles. Encomendamos a pesquisa para orientar as perguntas que faremos, procurando formulá-las com base no que o eleitor tem de curiosidade sobre cada um deles", afirmou o jornalista.
Simas Filho disse ainda que a revista contratará a mesma pesquisa qualitativa para todos os outros candidatos à Presidência. Sobre a não-publicação das simulações eleitorais para o segundo turno, ele afirmou: "Tomamos a decisão editorial de não publicar esses dados por entender que, como ainda não há candidaturas definidas, os números que retratam o cenário atual são do primeiro turno, e não do segundo, cuja análise seria ainda especulativa".
Especialistas em pesquisas eleitorais ouvidos pela Folha afirmam que Garotinho acabou sendo beneficiado pela forma como a pesquisa foi divulgada.
Para o cientista político Fernando Abrucio, da Fundação Getúlio Vargas, "é inegável que a pesquisa qualitativa e a omissão de dados do segundo turno favorecem Garotinho na disputa interna do PMDB". Ele exime o Ibope de responsabilidade, mas diz que faltou transparência da revista na divulgação da pesquisa: "Isso dá vazão à suspeita de que a pesquisa foi encomendada para o Garotinho".
Na avaliação de Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, esse tipo de pesquisa qualitativa costuma ser contratada por partidos, para definição de estratégias de campanha política. "Ou são feitas para pautar campanhas eleitorais ou fazem parte de uma série que envolverá outros candidatos", afirma. Nessa segunda hipótese, ele diz, "seria ideal que houvesse um cronograma público de pesquisas divulgado pela revista, para garantir isenção, equilíbrio e qualidade". Segundo Márcia Cavallari, diretora-executiva do Ibope, a Editora Três ainda não definiu um cronograma.
Nos cenários de segundo turno, Garotinho perderia de José Serra (54% a 26%) e Lula (49% a 30%). Contra Geraldo Alckmin, o peemedebista (38%) ficaria tecnicamente empatado com o tucano, que teria 37%. Serra e Lula também empatam tecnicamente (45% a 42%). Contra Alckmin, Lula lidera por 48% a 35%.
(MARCELO SALINAS e MARCELA CAMPOS)

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