|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Revista nega ter beneficiado Garotinho
DA REDAÇÃO
A revista "IstoÉ" afirmou ontem que pagou pesquisa encomendada ao Ibope sobre as eleições presidenciais e negou que a
avaliação do ex-governador do
Rio Anthony Garotinho (PMDB),
incluída no levantamento, tenha
sido feita para beneficiar o pré-candidato.
A Editora Três, que edita a "IstoÉ", pediu que o Ibope fizesse
questionamentos específicos para
avaliar a opinião dos eleitores a
respeito de Garotinho, mas não
divulgou os resultados desse levantamento nem das intenções de
voto para o segundo turno das
eleições presidenciais.
De acordo com o jornalista Mário Simas Filho, redator-chefe da
"IstoÉ", a pesquisa foi "contratada, faturada e paga pela Editora
Três". A avaliação de Garotinho,
disse ele, foi encomendada para
fundamentar questões que serão
feitas ao ex-governador no ciclo
de entrevistas que a revista pretende fazer com os candidatos.
"Essa pesquisa não foi feita para
divulgação, mas para consulta interna de nossa redação. A exemplo do que fizemos na última eleição presidencial, uma vez definidos os candidatos, promoveremos uma série de entrevistas com
todos eles. Encomendamos a pesquisa para orientar as perguntas
que faremos, procurando formulá-las com base no que o eleitor
tem de curiosidade sobre cada um
deles", afirmou o jornalista.
Simas Filho disse ainda que a revista contratará a mesma pesquisa qualitativa para todos os outros
candidatos à Presidência. Sobre a
não-publicação das simulações
eleitorais para o segundo turno,
ele afirmou: "Tomamos a decisão
editorial de não publicar esses dados por entender que, como ainda não há candidaturas definidas,
os números que retratam o cenário atual são do primeiro turno, e
não do segundo, cuja análise seria
ainda especulativa".
Especialistas em pesquisas eleitorais ouvidos pela Folha afirmam que Garotinho acabou sendo beneficiado pela forma como a
pesquisa foi divulgada.
Para o cientista político Fernando Abrucio, da Fundação Getúlio
Vargas, "é inegável que a pesquisa
qualitativa e a omissão de dados
do segundo turno favorecem Garotinho na disputa interna do
PMDB". Ele exime o Ibope de responsabilidade, mas diz que faltou
transparência da revista na divulgação da pesquisa: "Isso dá vazão
à suspeita de que a pesquisa foi
encomendada para o Garotinho".
Na avaliação de Mauro Paulino,
diretor-geral do Datafolha, esse tipo de pesquisa qualitativa costuma ser contratada por partidos,
para definição de estratégias de
campanha política. "Ou são feitas
para pautar campanhas eleitorais
ou fazem parte de uma série que
envolverá outros candidatos",
afirma. Nessa segunda hipótese,
ele diz, "seria ideal que houvesse
um cronograma público de pesquisas divulgado pela revista, para garantir isenção, equilíbrio e
qualidade". Segundo Márcia Cavallari, diretora-executiva do Ibope, a Editora Três ainda não definiu um cronograma.
Nos cenários de segundo turno,
Garotinho perderia de José Serra
(54% a 26%) e Lula (49% a 30%).
Contra Geraldo Alckmin, o peemedebista (38%) ficaria tecnicamente empatado com o tucano,
que teria 37%. Serra e Lula também empatam tecnicamente
(45% a 42%). Contra Alckmin,
Lula lidera por 48% a 35%.
(MARCELO SALINAS e MARCELA CAMPOS)
Texto Anterior: Governador pode se licenciar para viajar pelo país Próximo Texto: Campo minado: Lista de assentados será divulgada pela internet Índice
|