Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Coalizão deve intervir em disputa na Câmara, diz Ciro
Deputado quer que conselho político dê solução a impasse entre Aldo e Chinaglia
Ex-ministro, que apóia comunista, teme vitória de Fruet; ele diz que fato de Lula participar de decisão não significaria ingerência
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado eleito Ciro Gomes (PSB-CE) defende que
o conselho político da coalizão
governista atue para encontrar
uma saída para os partidos
da base lulista na disputa pela
presidência da Câmara dos
Deputados.
Ciro, ex-ministro da Integração Nacional (2003-2006) e íntimo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, apóia a candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP). Mas ele acha que a entrada
de Gustavo Fruet (PSDB-SP)
embaralhou o processo. O oposicionista, acredita, teria chance de ir ao segundo turno e, então, ser vitorioso.
Leia, a seguir, trechos da entrevista.
FOLHA - O quadro sucessório na
Câmara não parece sólido a favor de
Arlindo Chinaglia [PT-SP], com o
acordo PT-PMDB?
CIRO GOMES - O PMDB passa
por um processo interno de
alteração da área que tem
influência no governo. Essa
movimentação produz no
grupo antigo, ao estilo deles,
uma vontade de vingança. Eu
notei isso.
Em resumo, o PMDB governista do primeiro mandato está
em antagonismo hoje com essa
aliança com o PT. Essa ala insatisfeita votaria no Aldo, mas
pode acabar votando no Fruet
para derrotar o governo.
FOLHA - Qual a chance de composição entre Aldo e Chinaglia?
CIRO - É improvável. A não ser
que se constate que um terceiro fator seja uma ameaça estrutural ao processo e isso tenha
um efeito dissuasório. Para tal,
uma energia que hoje está em
estado letárgico terá de se mobilizar organicamente para resolver. De outra forma, caminhamos para uma situação
ruim, sem saída. No mínimo,
parte da aliança do governo será derrotada.
FOLHA - Quem deveria tomar a
frente do processo na Câmara?
CIRO - O conselho político, não
para arbitrar uma decisão, mas
como um lugar para informar e
aconselhar o presidente da República para que ele ajude a encontrar a solução.
FOLHA - Mas a presença de Lula
não representaria intromissão indevida num assunto do Legislativo?
CIRO - Por isso ele não vai decidir, mas o conselho político. O
presidente faz parte do conselho político de uma coalizão de
governo. Por essa razão, a participação dele não é ilegítima.
FOLHA - E que tipo de solução pode
ser proposta para Aldo e Arlindo?
CIRO - A idéia é buscar a unidade na coalizão.
FOLHA - Mas o PMDB já fez um
acordo com o PT. O PSB apóia Aldo.
Tentar uma reversão agora não desarranjaria ainda mais a base?
CIRO - Esses acordos todos podem ser considerados prescritos, pois foram celebrados sem
a emergência de uma candidatura viável e qualificada da
oposição.
FOLHA - Na Câmara, a candidatura
de Gustavo Fruet tem sido minimizada pelo PT, pelo PMDB e outros
partidos que apóiam Chinaglia. Até
que ponto essa sua interpretação
sobre o risco tucano não atende
apenas à estratégia de reforçar a
candidatura de Aldo?
CIRO - Se você somar os votos
de PSDB, PFL e PPS e mais uns
30 do PMDB, quem vai ao segundo turno é o Fruet. Daí, é o
imponderável absoluto.
Basta contar hoje os votos
que os três candidatos dizem
ter e chegamos a 700. É uma
imponderabilidade absoluta.
Nós não podemos ir para esse
nível de incerteza. Acho que
não devemos correr esse risco.
E mesmo que os dois da coalizão passem ao segundo turno,
corremos o risco de um deles
ser o vencedor escorado em votos de parte da oposição. Isso
nunca vai ficar bem.
Texto Anterior: Elio Gaspari: O pacote vale uma nota de R$ 3 Próximo Texto: Frase Índice
|