São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

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Coalizão deve intervir em disputa na Câmara, diz Ciro

Deputado quer que conselho político dê solução a impasse entre Aldo e Chinaglia

Ex-ministro, que apóia comunista, teme vitória de Fruet; ele diz que fato de Lula participar de decisão não significaria ingerência


FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado eleito Ciro Gomes (PSB-CE) defende que o conselho político da coalizão governista atue para encontrar uma saída para os partidos da base lulista na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados.
Ciro, ex-ministro da Integração Nacional (2003-2006) e íntimo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apóia a candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP). Mas ele acha que a entrada de Gustavo Fruet (PSDB-SP) embaralhou o processo. O oposicionista, acredita, teria chance de ir ao segundo turno e, então, ser vitorioso.
Leia, a seguir, trechos da entrevista.

 

FOLHA - O quadro sucessório na Câmara não parece sólido a favor de Arlindo Chinaglia [PT-SP], com o acordo PT-PMDB?
CIRO GOMES -
O PMDB passa por um processo interno de alteração da área que tem influência no governo. Essa movimentação produz no grupo antigo, ao estilo deles, uma vontade de vingança. Eu notei isso. Em resumo, o PMDB governista do primeiro mandato está em antagonismo hoje com essa aliança com o PT. Essa ala insatisfeita votaria no Aldo, mas pode acabar votando no Fruet para derrotar o governo.

FOLHA - Qual a chance de composição entre Aldo e Chinaglia?
CIRO -
É improvável. A não ser que se constate que um terceiro fator seja uma ameaça estrutural ao processo e isso tenha um efeito dissuasório. Para tal, uma energia que hoje está em estado letárgico terá de se mobilizar organicamente para resolver. De outra forma, caminhamos para uma situação ruim, sem saída. No mínimo, parte da aliança do governo será derrotada.

FOLHA - Quem deveria tomar a frente do processo na Câmara?
CIRO -
O conselho político, não para arbitrar uma decisão, mas como um lugar para informar e aconselhar o presidente da República para que ele ajude a encontrar a solução.

FOLHA - Mas a presença de Lula não representaria intromissão indevida num assunto do Legislativo?
CIRO -
Por isso ele não vai decidir, mas o conselho político. O presidente faz parte do conselho político de uma coalizão de governo. Por essa razão, a participação dele não é ilegítima.

FOLHA - E que tipo de solução pode ser proposta para Aldo e Arlindo?
CIRO -
A idéia é buscar a unidade na coalizão.

FOLHA - Mas o PMDB já fez um acordo com o PT. O PSB apóia Aldo. Tentar uma reversão agora não desarranjaria ainda mais a base?
CIRO -
Esses acordos todos podem ser considerados prescritos, pois foram celebrados sem a emergência de uma candidatura viável e qualificada da oposição.

FOLHA - Na Câmara, a candidatura de Gustavo Fruet tem sido minimizada pelo PT, pelo PMDB e outros partidos que apóiam Chinaglia. Até que ponto essa sua interpretação sobre o risco tucano não atende apenas à estratégia de reforçar a candidatura de Aldo?
CIRO -
Se você somar os votos de PSDB, PFL e PPS e mais uns 30 do PMDB, quem vai ao segundo turno é o Fruet. Daí, é o imponderável absoluto.
Basta contar hoje os votos que os três candidatos dizem ter e chegamos a 700. É uma imponderabilidade absoluta. Nós não podemos ir para esse nível de incerteza. Acho que não devemos correr esse risco.
E mesmo que os dois da coalizão passem ao segundo turno, corremos o risco de um deles ser o vencedor escorado em votos de parte da oposição. Isso nunca vai ficar bem.


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