São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

O fim de uma era?

Colunista do "Clarín", Oscar Raúl Cardoso avaliou, desde a Argentina de Néstor Kirchner, que o pacote de Lula "tem pouca relação com a visão que imperou no primeiro mandato". E até questionou, no título, se não é "o fim da era Palocci":
- O projeto de investimento em infra-estrutura é uma espécie de choque neo-keynesiano que guarda distância assombrosa do esquema Palocci.
O também argentino "La Nación" foi pela mesma linha, bem como o espanhol "El País". O correspondente Eric Nepomuceno escreveu que, "em vez de impor duríssimo ajuste e assegurar taxas elevadas de superávit, como queria o demitido Palocci, a nova etapa pretende o contrário".

 

Segundo texto de Cláudia Trevisan na Folha, que ecoou na blogosfera, "depois de sucessivos planos nos anos 80 e 90 e do processo de abertura, o PAC indica o investimento público e o Estado novamente como articuladores do crescimento" e remete a programas de JK e do regime militar.
Daí a sombra de Delfim Netto, que ganhou apoio de Renan Calheiros e José Sarney para o BNDES, segundo o blog de Lauro Jardim. O ex-ministro escreveu ontem no "Valor" que, para elevar "o crescimento a 5%, com nosso nível de renda e carga tributária, é preciso taxa de investimento superior a 25% do PIB". Daí também um texto de Carlos Brickmann em seu site, "É o gordo de volta":
- O principal do PAC é um fato que poucos notaram: marca o retorno triunfal de Delfim ao governo. O PAC é Delfim de ponta a ponta.

BRICS JÁ
Sob o título "As economias Brics têm que ajudar a formular a política mundial", o criador do acrônimo e pesquisador-chefe na Goldman Sachs, Jim O'Neill, escreveu que "Brasil, Rússia, Índia e China merecem lugar na mesa" cada vez mais. Destaque no "Financial Times", o texto diz que, após cinco anos do relatório que cobrou melhor representação da ordem econômica, G7 e FMI pouco se abriram. E avisa que, "quanto mais tempo permanecerem no formato atual, a menos propósitos servirão".

O ESTADO DO ETANOL
nytimes.com/Reprodução
Ilustração do "NYT" põe plantação de milho na Casa Branca, sob o título "Primavera para etanol", de artigo sobre o tema


O ano começou também para o governo dos EUA. O discurso de George W. Bush sobre o "estado da nação", à noite, já era comentado ao longo do dia nas manchetes de CNN e BBC e nos sites de "New York Times", "Wall Street Journal", "Washington Post" etc.
Pelo que diziam, a prioridade é mais uma vez, como no ano passado, energia. Mais exatamente, biocombustíveis. O discurso foi precedido -ou preparado- ontem mesmo por textos como "Guerra contra o petróleo" no "WSJ", escrito pelo fundador da gigante Sun Microsystems e hoje investidor em biocombustíveis Vinod Khosla.

AO ATAQUE
E o ano também começa no México. O novo presidente deu entrevista ao "Financial Times", sob o título "Calderón limpa o caminho para ataque aos monopólios". Criticou as tarifas de telefone e disse que a saída é "uma estrutura de mercado muito mais competitiva". O setor é oligopolizado pela Telmex, também no comando de Embratel e Net, por aqui.

GUERRA DA TORTILLA
Entre outros alvos de Felipe Calderón, segundo "FT" e "Christian Science Monitor", estariam os setores de TV aberta, oligopolizado por Televisa e TV Azteca, e petróleo, com a estatal Pemex ganhando transparência a partir do modelo da Petrobras.
E até o setor de milho para tortillas, que vive explosão de preços estimulada pelo programa de etanol dos EUA.

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@ - Nelson de Sá


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