São Paulo, quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

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Painel

VERA MAGALHÃES (interina) - painel@uol.com.br

Balcão eleitoral

Nada de assuntos indigestos, como cortes no Orçamento e discussão sobre o novo modelo para viabilizar o aumento de investimentos em Saúde. A reunião ministerial deixou claro que a ordem de Lula em 2008 é fazer política e usar a máquina em favor dos aliados.
De agora em diante, cada ministério funcionará como uma "célula" da articulação política. Secretários-executivos, chefes-de-gabinete e assessores parlamentares terão de repassar ao coordenador José Múcio todas as reuniões dos ministros com parlamentares, as emendas liberadas e os pedidos atendidos. Coube a Múcio usar na reunião exemplos de Estados em que adversários receberam mais em emendas que fiéis aliados do governo -algo a se corrigir imediatamente.

Estágio. O silêncio de José Gomes Temporão durante toda a discussão sobre política na reunião ministerial chamou a atenção de seus colegas de Esplanada. "Preferi ouvir para aprender um pouco", justificou o titular da Saúde.

Das cinzas. Severino Cavalcanti (PP-PE) foi citado várias vezes na reunião como exemplo de como a deterioração das relações com os líderes partidários no Congresso leva a desastres. Coube a Nelson Jobim (Defesa) evocar o ex-presidente da Câmara.

Linux. Quando Hélio Costa (Comunicações) disse que criou um "software" classificando em verde e vermelho se o parlamentar votou com o governo, Marina Silva (Meio Ambiente) sugeriu: "Tem de criar uma linha cinza para quem votar com a consciência, com a massa cinzenta".

Elétrico. A inquietação do ministro do Planejamento, que andava de um lado para o outro no Salão Oval do Planalto no início da reunião, levou um bem-humorado Lula a chamar sua atenção: "O Paulo Bernardo certamente vai se sentar em algum momento". Balanço. O novo titular de Minas e Energia, Edison Lobão, disse no encontro com os colegas que, mesmo tendo passado boa parte de seu primeiro dia de trabalho na apresentação do balanço do PAC, anteontem, atendeu pessoalmente 10 parlamentares e outros 30 por telefone.

Sem amarras. Geraldo Alckmin disse a um cacique tucano que, se ceder à pressão e esperar para ser candidato a governador em 2010, virará "cabo eleitoral do Serra" na disputa presidencial. O ex-governador disse que quer ter "independência" no processo.

Elástico. Enquanto ouvia apelos de tucanos da Grande SP para que se candidate, Alckmin era assediado pela cúpula do PSDB, que o pressiona a manter a aliança com o DEM. Só para falar com o presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), interrompeu a reunião duas vezes.

Carreira. O antigo Campo Majoritário quer manter os mesmos nomes na nova Executiva do PT, incluindo o do tesoureiro Paulo Ferreira, sucessor de Delúbio Soares. O único novato é Paulo Frateschi, indicado para a Secretaria de Organização do partido.

Vista grossa. Novo diretor da Escola Superior do Ministério Público paulista, o promotor Mário Limongi não possui título de doutor, o que contraria determinação do Conselho Estadual da Educação. Ele é do grupo do procurador-geral Rodrigo Pinho.

Sem vínculo. O ex-deputado Luiz Alfredo Salomão diz que o senador Marcelo Crivella (PRB) fez um curso sobre a cidade do Rio na Escola de Políticas Públicas do Iuperj, dirigida por ele. Segundo ele, não há nenhum compromisso de apoio ao candidato a prefeito.

Visita à Folha. Heinz-Peter Behr, cônsul-geral da Alemanha em São Paulo, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Michael Adonia Moscovici, cônsul de Assuntos Políticos e de Imprensa.

Tiroteio

"Não será surpresa se a festa da gastança dos ministros for parar na Sapucaí com fantasia paga por cartões corporativos."


Do deputado federal BRUNO RODRIGUES (PSDB-PE) sobre o fato de a ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) ter feito compra num free-shop com cartão de crédito corporativo do governo federal.

Contraponto

A pão e água

Depois de algumas horas de conversa, a reunião ministerial de ontem, no Palácio do Planalto, foi interrompida para o almoço. Lula pediu que ninguém saísse, pois seriam servidos sanduíches de presunto.
-Quando eu era sindicalista viajava ao exterior com uma diária de dez dólares que só dava para comer salsicha com maionese. Mesmo assim, era melhor que esse lanche -, comentou o presidente.
Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) aproveitou a deixa para também reclamar da comida:
-Deixa eu entender, presidente. Esse cardápio aqui já é fruto dos cortes por causa da queda da CPMF?


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