São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2009

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Painel

RANIER BRAGON (interino) - painel@uol.com.br

A quatro mãos

Surpreendido com a reação italiana ao refúgio dado a Cesare Battisti, o presidente Lula decidiu mudar de estratégia. Se a decisão pró-Battisti se concentrou nas mãos de Tarso Genro (Justiça), agora o Planalto recorreu ao Itamaraty para preparar a resposta ao presidente da Itália, Giorgio Napolitano. A carta foi esboçada por Tarso, que em seguida a repassou para as mãos do chanceler Celso Amorim, antes de seguir para o presidente. O tom foi suavizado devido à preocupação de que as relações bilaterais sejam afetadas.
O monopólio do caso nas mãos de Tarso havia contrariado Amorim. Lula chegou a ter dúvidas sobre a concessão do refúgio inicialmente, mas foi convencido após conversas com advogados e com Tarso.



No telhado. Antes da crise causada pelo refúgio a Battisti, o Itamaraty havia convidado o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, para vir ao Brasil em março. Com o conflito diplomático, a visita pode não acontecer.

Autoavaliação. Título de nota do site do Ministério da Justiça que falava sobre o abaixo-assinado de apoio a Tarso Genro: "Cesare Battisti: quando o governo brasileiro é exemplo de democracia".

Vade retro. Atacado por sindicalistas por ter defendido a flexibilização de direitos trabalhistas e pelas demissões em sua empresa, Roger Agnelli, presidente da Vale, leva por baixo da camisa uma correntinha com um "olho turco", amuleto que "espanta mal olhado", e uma imagem de Nossa Senhora.

Pendura. Após anunciar corte de gastos, a prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), pedirá empréstimo de US$ 30 milhões ao Banco Mundial.

De casa. Mesmo já tendo tomado posse como prefeito de Jandaia do Sul (PR), o ex-deputado José Borba (PP), um dos acusados no escândalo do "mensalão", continua frequentemente perambulando pelo Congresso Nacional, em pleno recesso.

Fui! Em meio ao acender de ânimos dentro do PSDB para definir quem será o candidato da legenda à Presidência, em 2010, o governador Aécio Neves (MG) tira férias de uma semana a partir de hoje.

Corneta. O possível apoio do PSDB à candidatura de José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado gerou protestos de tucanos do Maranhão. No Estado, eles apoiam o governador Jackson Lago (PDT), desafeto de longa data do peemedebista.

Mais um. As divergências políticas envolvendo Sarney no Maranhão também causam estragos na candidatura de Michel Temer (PMDB-SP) na Câmara. "Só voto no Temer se o Sarney perder. Senão, vou de Aldo Rebelo (PC do B)", diz Domingos Dutra (PT), contrariando o que determina o seu partido.

Em coro. Apesar do discurso otimista de Temer, já são sete os petistas dispostos a desrespeitar a orientação estabelecida pelo partido e votar em outro candidato: além de Dutra, Dr. Rosinha (PR), Nilson Mourão (AC), Carlos Wilson (PE), Geraldo Simões (BA), Zezéu Ribeiro (BA) e Luiz Bassuma (BA).

Inflação. Passado o fiasco da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à prefeitura paulistana, a direção municipal do PSDB resolveu fazer um recadastramento dos seus militantes via telemarketing para descobrir o real tamanho do partido na cidade. A expectativa é a de que o número de filiados caia.

Pelas beiradas. A CUT está procurando governadores para fazer acordos estaduais de garantia de emprego. No começo da semana, fechou um com o do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), prevendo desoneração para alguns setores durante quatro meses. Na semana que vem, terá reunião com Jaques Wagner (PT), da Bahia.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Ao ouvir as palavras do ministro Mantega, só me resta pedir a ele que volte para suas férias. Sairia mais barato para o Brasil."


Do deputado RODRIGO MAIA (DEM-RJ), sobre a promessa de Guido Mantega (Fazenda) de condicionar os empréstimos públicos à garantia de emprego pelas empresas -exigência que já existe nos atuais contratos, mas não era fiscalizada com rigor.

Contraponto

Salão de beleza

Um dos cotados para ser indicado pelo presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal, o ministro José Dias Toffoli (Advocacia Geral da União) tem se esforçado para demonstrar que não tem pretensões imediatas de mudar de emprego. Na semana passada, um jornalista notou que ele usava uma longa barba e perguntou se era estratégia para ficar "com cara de ministro do Supremo", já que ele tem 41 anos e aparenta menos.
Toffoli rebateu:
-De jeito nenhum! É recomendação feminina...


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