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Proposta de código de ética do PT exige fim de sigilo pessoal
Texto diz que petista terá de entregar à sigla relação de bens ao assumir cargo público
Elaborado por José Eduardo Cardozo, o documento, que já enfrenta resistências,
será submetido ao Diretório Nacional em fevereiro
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Passado o armistício, o comando do PT deverá mergulhar, a partir da segunda-feira,
em mais um acalorado debate.
Dessa vez, em torno do código
de ética do partido.
Elaborada pelo secretário-geral do PT, o deputado federal
José Eduardo Cardozo (SP), a
versão preliminar do código de
ética exige, por exemplo, que
ocupantes de cargos públicos
apresentem ao partido relação
detalhada de seus bens ao assumir e ao deixar a função.
Os documentos ficariam sob
a guarda do partido por cinco
anos após o fim do mandato ou
a exoneração do cargo.
Pela proposta, o petista que
ocupar um cargo público terá
que renunciar ao sigilo, fornecendo dados pessoais, se for necessário, para sindicâncias internas do partido.
O texto impõe ainda uma
"quarentena" aos "filiados que
exercerem cargo ou emprego
de confiança de alto nível na
administração pública ou que
tiverem acesso a informações
privilegiadas". Nesse caso, "não
poderão, pelo prazo de um ano,
exercer atividades remuneradas que guardem pertinência
com as informações ou que lhes
permita exercer influência".
Para o candidato a cargo eletivo, uma carta em que "reconhecerá sempre" que seu mandato pertence ao partido.
A proposta proíbe ainda a
participação de ocupantes de
cargos públicos no comando
partidário. Esse é o caso, por
exemplo, do assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia.
O texto não só veda a contratação de parentes (até terceiro
grau) e companheiros de dirigentes na estrutura do partido
como proíbe sua presença na
mesma instância partidária. A
exceção pode ser aberta por
instância superior.
Ainda que redigido antes do
segundo turno, um item provocará mal-estar entre os aliados
da ex-ministra Marta Suplicy: o
que proíbe "a exploração de aspectos da vida íntima de adversários em disputas".
Idealizado como resposta ao
escândalo do mensalão, o texto
condena a filiação em massa, a
"prática de manobras parlamentares imorais ou escusas" e
determina a divulgação mensal, via internet, das doações
feitas por pessoas jurídicas.
Pelo texto, os integrantes da
recém-criada "Comissão de
Normas, Recurso e Apuração
Disciplinar" deverão ter "boa
imagem pública".
A elaboração de um código de
ética foi aprovada há dois anos
pelo PT. Para a tarefa foi constituída uma comissão especial liderada por Cardozo.
O deputado, que está no exterior, apresentará formalmente
a proposta na segunda-feira.
Mas já enviou uma primeira
versão à Executiva.
Após discussão, o texto será
submetido ao Diretório Nacional em fevereiro. Mas enfrenta
resistências, como as do presidente do PT, Ricardo Berzoini,
para quem deveria tratar das
"relações internas do PT".
O secretário de Comunicação, Gleber Naime, frisa que
"agora, será aberto prazo de
emendas". O secretário de Finanças, Paulo Ferreira, diz ainda ignorar seu teor.
Embora favorável à adoção
do código de ética, o secretário
de Relações Internacionais,
Valter Pomar, lembra que o
texto ainda não é objeto
de consenso.
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