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AJUSTE
Câmara pode mudar regimento para aprovar mais rápido a CPMF; Senado vota taxação de inativos na terça
Congresso tenta criar novos fatos positivos
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
Preocupados
com a crise do
real, deputados
e senadores devem nesta semana tentar produzir mais fatos
positivos para
eximir o Congresso de culpa pelas
dificuldades econômicas do país.
Na semana passada, a Câmara
aprovou um projeto que já havia
recusado quatro vezes -o da contribuição previdenciária sobre servidores inativos e aumento da alíquota dos que estão na ativa.
O Senado imediatamente deu seguimento ao projeto. Na terça-feira, dia 26, os senadores devem votar essa lei em definitivo.
Na Câmara, os deputados governistas planejam algo inédito: aprovar um projeto de resolução alterando o regimento interno da Casa
só para acelerar a tramitação de
uma emenda constitucional, a da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira).
A CPMF de 0,20% foi cobrada
pela última vez na semana passada. A nova, de 0,38%, só entrará
em vigor 90 dias depois que a
emenda constitucional for aprovada e promulgada. O Senado já
aprovou a emenda da CPMF. A Câmara agora precisa fazer o mesmo.
Para o governo, é vital que a
CPMF seja aprovada o quanto antes. Sua arrecadação anual é de cerca de R$ 15 bilhões -mais da metade dos R$ 28 bilhões de ajuste fiscal que o país prometeu ao FMI
(Fundo Monetário Internacional).
O problema do governo é que a
tramitação na Câmara é mais lenta
que no Senado. O regimento interno dos deputados exige a criação
de uma comissão especial para
analisar qualquer emenda constitucional. No Senado, essa etapa
pode ser dispensada.
"É natural que aconteça assim na
Câmara, que é onde estão os representantes do povo. Aqui deve haver o debate. No Senado, uma Casa
revisora, estão os representantes
dos Estados", diz o deputado José
Genoino (PT-SP), contrário à mudança do regimento.
Os planos do governo não são
ainda inteiramente conhecidos.
"Primeiro eu preciso conversar
com os líderes de todos os partidos
de oposição", diz o líder do governo na Câmara, o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
Pelo regimento atual, obedecidos todos os prazos regimentais, é
improvável que a CPMF possa ser
aprovada pelos deputados antes
do início de abril. Para abreviar esse tempo, aprovando a CPMF pelo
menos até março, o governo tem
duas ações engatilhadas:
1) convocar os deputados extraordinariamente para trabalhar
na primeira quinzena de fevereiro,
quando haveria recesso parlamentar. Isso ajudaria a contar prazo de
tramitação para a CPMF;
2) aprovar um projeto de resolução alterando o regimento interno
apenas para a emenda da CPMF.
Entre as mudanças possíveis estão
a redução do número de sessões
necessárias para debate da proposta e eventual supressão da comissão especial de análise da emenda.
Para aprovar o projeto de resolução o governo não depende da
oposição. Basta a maioria simples
da Câmara -são necessários pelos menos 257 deputados em plenário (há 513) e metade dos votos a
favor. É uma votação fácil.
O governo preferiria mudar o regimento interno da Câmara de forma definitiva, tornando mais rápida a tramitação de qualquer emenda constitucional. Mas isso tem desagradado até a alguns aliados do
Planalto.
O presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP), é contra a mudança radical do regimento.
Por isso foi escolhido o caminho
menos traumático, na opinião do
governo, fazendo um regimento
especial apenas para a emenda da
CPMF.
Os detalhes dessa operação devem ser revelados ao longo desta
semana. O governo ainda sonha
com algum entendimento com a
oposição.
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