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FEDERAÇÃO
Governador afirma que Estado deixa de arrecadar ICMS de produtos vindos de fora e planeja erguer barreiras
SP fica com impostos do Rio, diz Garotinho
LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio
O governador do Rio, Anthony
Garotinho (PDT), promete erguer
barreiras fiscais nas rodovias interestaduais fluminenses para tentar
evitar que o Estado perca, segundo
ele, R$ 1,2 bilhão por ano com o
desvio e a sonegação de impostos
de produtos taxados por meio de
substituição tributária.
A substituição tributária ocorre
quando o pagamento do ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) é uma responsabilidade do fabricante, não
do vendedor final.
Geralmente, esse mecanismo é
usado onde o comércio é mais disperso, dificultando a fiscalização e
o controle.
Prejuízo fluminense
Garotinho acusa São Paulo de ser
o principal beneficiário do suposto
prejuízo fluminense, por ser o Estado onde é fabricada a maior parte dos produtos consumidos no
Rio -além disso, a Secretaria da
Fazenda paulista recolhe alguns
impostos para o Rio, que depois
recebe o repasse.
"Uma parte vai para a sonegação, a outra fica com o governo de
São Paulo", afirmou Garotinho
-que, recentemente, reclamou
que o vizinho obteve privilégios na
renegociação da dívida estadual.
Ele deve encaminhar, ainda neste
mês, um projeto sobre o assunto à
Alerj (Assembléia Legislativa do
Rio), cumprindo, assim, uma das
suas promessas de campanha.
Alguns dos setores que pagam
ICMS dessa forma são o farmacêutico, o de cigarros, o de refrigerantes e bebidas alcoólicas, o de combustível e o de veículos.
Sete dos dez principais contribuintes fluminenses são taxados
por substituição tributária.
"Esse não é um dinheiro que pertença a São Paulo", disse Garotinho à Folha. "São Paulo cobrar para o Rio é uma gentileza. Está prestando um favor."
Garotinho planeja erguer barreiras fazendárias em todas as rodovias interestaduais que passam pelo Rio para controlar o fluxo de
mercadorias pelo Estado.
"Em seis meses eu quero estar
com todas as entradas do Rio de
Janeiro com barreiras fiscais informatizadas e interligadas direto aos
computadores da Secretaria da Fazenda. Quem entrar com carga terá que apresentar a nota do imposto pago lá e da guia da entrada no
Rio", afirmou.
"Contribuinte substituto"
Outra idéia é transformar o distribuidor em "contribuinte substituto" -papel hoje desempenhado
pelo fabricante.
"Assim, a gente tira isso do controle de São Paulo. Porque aí o distribuidor vai ter que pagar no Rio",
diz ele, que ainda estuda a melhor
forma de implantar a mudança.
O governador do Rio acredita
que a medida não causará maiores
atritos com São Paulo.
"Isso é um direito adquirido do
Rio. Eles devem ter dado graças a
Deus que o governo Marcello
Alencar não tenha feito isso. Ou
que alguém não tenha feito antes.
Eles ganharam durante muito
tempo", afirmou Garotinho.
Supermercados
O governador pretende acabar
gradativamente com a substituição tributária denunciando os
convênios firmados entre as partes. O primeiro alvo está definido:
os produtos de supermercados.
"Misteriosamente, todas as redes
de supermercado representam
apenas 0,21% da arrecadação. É
que 88% dos produtos vendidos
em supermercados são fabricados
fora do Rio e taxados com substituição tributária."
"Toda vez que o Estado vai cobrar do supermercado, ele apresenta a nota de já ter pago na fonte.
E pode ser uma nota verdadeira ou
falsa", afirma ele.
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