São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 1999

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Governador já descumpre promessas

da Sucursal do Rio

Nem bem esquentou a cadeira de governador do Rio, o pedetista Anthony Garotinho já está descumprindo algumas de suas principais promessas de campanha.
Ele prometeu contratar funcionários e baixar impostos. Mudou de idéia e de rumo por causa da situação financeira do Estado.
Garotinho prometeu que iria reduzir as alíquotas de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Mas já desistiu da medida -pelo menos nos dois primeiros anos de governo.
Durante a campanha, ele costumava dizer que, reduzindo o percentual a ser pago, a base de arrecadação seria ampliada. Na época, afirmava que isso aumentaria a receita em R$ 250 milhões por mês.
"O imposto do Rio é 20% mais alto do que o dos outros Estados. O consumidor sente essa realidade nas contas de luz e telefone -entre outras- cada vez mais caras. O empresariado e as indústrias preferem investir em outros Estados, levando com eles a possibilidade de novos empregos. Garotinho vai reduzir o ICMS, atraindo empresas para o nosso Estado e gerando milhares de postos de trabalho", prometia sua revista de campanha.
O problema é que, segundo economistas de seu governo, esse crescimento não seria imediato. Se a medida fosse tomada hoje, ela, inicialmente, diminuiria drasticamente a arrecadação, que só subiria a partir da segunda metade da administração de Garotinho.
Mas, com um déficit operacional mensal estimado em R$ 100 milhões, esse é um luxo a que o pedetista ainda não se pode permitir.
Nos palanques, ele prometeu aumentar o contingente de policiamento. Falou em um déficit de 6.000 policiais civis e de 11 mil militares. Após a eleição, já descartou contratações. "Eu não tenho dinheiro em caixa para isso."
E, se diz que não vai demitir -como sugeriu no fim de 98 a então ministra Cláudia Costin (Administração)-, Garotinho afirma que irá cortar cargos comissionados para reduzir parte da folha de pagamento, que consome cerca de 80% da receita estadual.
Outra promessa de campanha que não deve ser honrada é a extensão do metrô até a Barra da Tijuca (zona sul). No mês passado, o então governador Marcello Alencar fez uma licitação para realizar a obra -que prevê um gasto do governo de cerca de R$ 400 milhões.
O novo secretário de Planejamento, Jorge Bittar, classificou o contrato de um "presente de grego". Ele disse que, embora o projeto seja de interesse do governo do Rio, não há a menor condição de honrar esse compromisso, já que o governo anterior não alocou verbas para a obra.
"Onde arranjar R$ 400 milhões em um Estado que tem um déficit mensal de R$ 100 milhões?", pergunta. (LAR)



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