São Paulo, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO" /O MARQUETEIRO

Quatro integrantes da cúpula da comissão poderão ter acesso a dados sobre movimentações financeiras em banco de Miami

CPI é autorizada pela Justiça americana a analisar conta de Duda

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Justiça americana autorizou ontem a CPI dos Correios a ter acesso a documentos relacionados a movimentações financeiras do publicitário Duda Mendonça nos Estados Unidos.
Conforme a decisão, poderão trabalhar com as informações protegidas por sigilo o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), o relator, Osmar Serraglio (PMDB-PR), e os relatores-adjuntos Eduardo Paes (PSDB-RJ) e Maurício Rands (PT-PE).
Também consta da decisão que os parlamentares terão acesso aos dados na sede do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), órgão com sede em Brasília responsável por encaminhar o pedido à Justiça americana.
O conjunto de documentos registra a movimentação da conta Dusseldorf no BankBoston de Miami. Trata-se de uma "offshore" cuja conta o publicitário alega ter aberto por orientação de Marcos Valério, o que este nega. Teria sido utilizada para receber R$ 10,5 milhões como pagamento por serviços que Duda prestou ao PT.
O sigilo da Dusseldorf foi quebrado em outubro de 2005, a pedido do Ministério Público e da Polícia Federal. Os dados chegaram ao Brasil em novembro, mas com acesso restrito a esses dois órgãos. Desde então, a CPI tenta, por meio do DRCI, órgão do Ministério da Justiça, conseguir autorização da Justiça americana para também poder trabalhar com as informações das mais de 15 mil páginas de documentos.
A Dusseldorf foi alimentada por pelo menos seis outras contas, sendo três de empresas ligadas ao Banco Rural, segundo o Ministério Público e a PF.
Da análise dos extratos surgiram informações, que constam do segundo depoimento de Duda à PF, de que a Dusseldorf transferiu US$ 1,13 milhão para três outras contas. Duas delas pertencem às "offshores" Strongbox e Raspberry. Ambas têm sede nas Bahamas, no Caribe, como a Dusseldorf, e um mesmo número de caixa postal como referência.

Depoimento
Ontem, a PF ouviu em Brasília o vice-presidente do Banco Rural, José Roberto Salgado. O depoimento começou por volta de 14h30 e durou mais de sete horas.
Em depoimentos colhidos pela PF em inquéritos que investigaram remessas ilegais de dinheiro para fora do país, Salgado é apontado como o mentor de operações financeiras montadas para esconder o verdadeiro dono das somas movimentadas e também é investigado no inquérito que apura o "mensalão". Ele deve ser indiciado por evasão de divisas e lavagem de dinheiro. No depoimento, negou o envolvimento da instituição no esquema, como já dissera na CPI dos Correios.


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