São Paulo, domingo, 24 de fevereiro de 2008

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Prefeita petista de Fortaleza procura atrair desafetos do PMDB na corrida pela reeleição

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A prefeita de Fortaleza (CE), Luizianne Lins (PT), tenta atrair antigos desafetos políticos do PMDB ao palanque para enfraquecer adversários em sua corrida pela reeleição.
Dentro do próprio PT, diferentemente do que aconteceu há quatro anos, ela já tem a garantia oficial de apoio.
Mas esse apoio pode ficar restrito ao discurso. Sentindo-se excluídas na distribuição de cargos na prefeitura, lideranças da cúpula do PT que rejeitaram Luizianne na eleição passada demonstram não estar dispostas a se esforçar para reelegê-la.
No PMDB, o discurso proferido pelo principal cacique da sigla no Ceará, o deputado federal Eunício Oliveira, é de que o partido já recebeu ofertas para ocupar a vice do PDT, de Patrícia Saboya, e do DEM, de Moroni Torgan, mas que a "prioridade" é Luizianne.
Nas negociações, entra até 2010: Eunício quer a garantia de que o PMDB terá um candidato próprio ao Senado daqui a dois anos, apoiado pelo PT.
"Entramos na coligação para eleger o Cid Gomes (PSB) ao governo do Estado, sem pedir nada. Agora, temos muito claro no partido que o PMDB é grande e precisa ter espaço em um cargo majoritário também", disse o deputado.
Na coalizão que elegeu Cid, em 2006, o PT ficou com a vice e o PC do B com a vaga ao Senado, com a eleição de Inácio Arruda.
Apesar de o PT e o PMDB declararem publicamente o interesse de seguirem juntos nas próximas eleições, as negociações estão paradas. "Queremos, mas não vamos nos oferecer. Se o PT quiser mesmo, que nos procure", afirmou Eunício. A última conversa dele com a prefeita foi no Réveillon.
Para o petista Francisco Pinheiro, vice-governador do Estado e um dos principais aliados da prefeita, a demora se explica por desencontros. "Mas queremos, sim, o PMDB."
Em 2006, Luizianne conseguiu sair candidata com pequena margem na convenção do PT e fechou coligação só com o PSB, ainda uma pequena sigla no Ceará, antes da adesão do grupo de Ciro Gomes (que era do PPS). A cúpula do PT manteve o apoio que havia prometido a Inácio Arruda.
Ao vencer, Luizianne construiu seu governo com alianças de antigos apoiadores do ex-prefeito Juraci Magalhães (ex-PMDB e hoje no PL). Aos poucos, o PC do B também passou a participar da gestão.
Petistas que não a apoiaram na eleição passada dizem que ela, agora, é a prioridade. "Os prefeitos do partido que podem se reeleger são sempre prioridade", disse Sônia Braga, uma das dirigentes do partido.
Muitos deles, porém, dizem que uma vitória de Luizianne só valerá por questões simbólicas, para não "parecer" uma derrota do PT. Sem ter nomes indicados para participar da gestão dela agora, esses petistas devem se distanciar da disputa.


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